Março
- Mulheres escritoras brasileiras – homenagem
15 – Sandra Godinho
Sandra
Godinho nasceu em São Paulo e está radicada em Manaus, AM, desde 2003. Essa
cidade lhe deu “régua e compasso” para a construção da hábil ficcionista que
viria depois, através de livros de contos e romances premiados em concursos de
prestígio nacional.
A publicação de seu primeiro romance, O Poder da fé, data de 2016. Os romances “Tocaia do Norte”, Ed. Penalux, 2020 (Prêmio de melhor romance Categoria Nacional Prêmio Literário Cidade de Manaus 2020 e finalista do Prêmio São Paulo Literatura 2021) e “A Secura dos Ossos”, Ed. Patuá,2023, finalista Prêmio Leya 2022 que a projetaram e justamente aqueles que integram o acervo da minha bibliocasa.
Conheci
a mulher/escritora Sandra Godinho antes de ler a escritora Sandra Godinho,
justamente numa “conversa de livraria” na Alpharrabio Livraria e espaço
cultural, em Santo André, quando foi convidada a discorrer sobre o seu então recém-lançado
“A Secura dos Ossos”. Foi aí o portal de acesso à sua literatura.
Selecionei
alguns trechos de prefácios de seus livros para apresentá-la nesta nossa série em
homenagem a escritoras brasileiras, pela simples razão de não saber dizer
melhor.
“Em
Tocaia do Norte, seu projeto mais ambicioso, Sandra conduz uma narrativa
auspiciosa e corajosa ao desbravar um ambiente quase desconhecido entre os
brasileiros: a ação dos militares nos rincões da floresta amazônica durante o
período ditatorial e a movimentação de peças e recursos para esconder seus
crimes. (...) Os fatos narrados em Tocaia do Norte precisam sobreviver ao tempo
e ao culto à ignorância que norteia a sociedade brasileira contemporânea,
alimentada pela imbecilidade de quem nega a luta dos povos indígenas (...) Tocaia
do Norte deve ser vista como uma obra literária, com inestimável valor, sem
dúvidas, mas também como um registro histórico, necessários e contundente,
sobretudo neste momento em que cortinas se fecham e aprisionam sonhos e
produções artísticas, onde a intelectualidade é mais combatida que a fome em um
país que nem de longe lembra o Brasil que gostaríamos de ter.” (estávamos nos tristes
anos de 2020/2021, nota de dtv). Marcelo Adifa, jornalista.
“A
Secura dos Ossos” narra, de forma literária mas também pela ótica da historiografia,
a história do Massacre de Haximu e a saga trágica, mas também a beleza da cultura
do povo Yanomami.
No
prefácio desse belo romance, nos diz o prof. Mikael de Souza Frota (Unip, Manaus):
“A Secura dos Ossos”, sétimo romance de Sandra Godinho, ficcionaliza o Massacre
de Haximu, ocorrido em 1993, na região montanhosa de fronteira entre o Brasil e
a Venezuela. Aqui, o leitor é apresentado à narradora-protagonista Tainá
Terra, cuja vida pacata na vila fictícia de Encanto das Almas, a conduz na
busca pela mãe desaparecida, Amana Terra. (...) Contudo, o que parece ser um
enredo de investigação e de mistério, acaba enveredando para uma problemática
que alcança uma das bases sensíveis dos pilares fundadores da história
brasileira,: a violência contra a natureza e os povos indígenas” (...). Ainda,
no dizer do prof. Mikael, “A desterritorialização e a sensação de desterro de
um indivíduo/povo que é retirado, expulso e/ou escondido do seu lugar para
ocupar um não-lugar são temáticas bastantes exploradas por Sandra Godinho em
seus livros”.
Leiam
Sandra Godinho e conheçam, através da literatura, a história recontada por
outro viés e fique na dúvida sobre quem é realmente o “selvagem” nessas
histórias.
Leiam a literatura escrita por mulheres contemporâneas brasileiras e perceba dicções antes desconhecidas, antes ocultadas, antes nem sequer escritas. Dtv.
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