Antes que agosto acabe, fecho aqui o jornal de viagem e tentarei
"sair" da viagem que em mim permanece, mesmo depois de um mês da
chegada a Ítaca. Urge (re)começar a pensar em outras, inclusive as de ordem
literária.
Após termos atravessado, de ferry, o estreito de "Öresund", chegamos a Copenhagen,
capital do Reino da Dinamarca. A atual Rainha, Margrethe II, ao que parece,
muito popular e estimada pelos habitantes das terras Vikings, inclusive por
seus dotes intelectuais e artísticos (possui trabalhos como ilustradora,
designer de cenografias para teatro e indústria textil, bem como traduziu obras
literárias do francês).
Na cidade das bicicletas, não se poderia esperar outra coisa: congestionamento de bicicletas
Bicicletas para trabalhar, para passear, para alugar, bicicletas táxi
Como em toda cidade "turística", inevitável
escapar dos "cartões postais", como o sedutor Castelo Kronborg, conhecido por Elsinor (localizado em Helsingor, cerca de 40 km do centro de Copenhagen) onde
uma das mais famosas tragédias de Shakespeare, a do infeliz e trágico príncipe
deste reino, é ambientada ("Em Elsinore ao contrário o mal era um veneno / Subtil / Invadia o ar e a luz - penetrava / os ouvidos as narinas o próprio pensamento / O amor era impossível e ninguém podia Libertgar-se", Sophia de Mello B. Andresen). O castelo tem sido palco para muitas representações
da peça Hamlet, inclusive para marcar o 200° aniversário da morte de
Shakespeare. Assim como também é impossível escapar do mais famoso escritor dinamarquês, Hans Cristian
Andersen, largamente cultuado em toda a
cidade de Copenhagen.
Muito menos ainda "escapar" (e quem deseja?) da escultura a pequena sereia (Den Lille Havfrue, de autoria de Edward Eriksen,
em 1913). Localizada à beira mar nas proximidades do Porto, tornou-se um símbolo, verdadeiro ex-libris da cidade, muito procurada
por turistas. Impossível não ficar comovida diante da força do imaginário
literário, que tem a capacidade de transformar em real um criações do imaginário.
Pelo fato de ser esta a segunda vez que visitamos a cidade,
pudemos nos dar ao luxo de evitar alguns
dos seus clichês (sempre imprescindíveis e inevitáveis de uma primeira vez)
e tentar encontrar atrações menos concorridas, nesta tranquila cidade, capital
de um país considerado o país com menor índice de desigualdade do mundo e com
um altíssimo nível de bem-estar social. Assim, pudemos ver uma bela exposição
sobre os Vikings, no Museu Nacional
luz, som, projeções, ambientação estonteante (a simulação da navegação de um barco Viking chega a provocar enjôo de tão real).
e interessantístimos objetos de achados arqueológicos do Século VIII
Outra mostra que valeu a pena foi "Degas´Metode", ou seja, exposição de caráter "didádito" sobre o método de trabalho e crição do impressionista Degas,
no acolhedor museu de arte Ny Carlsberg Glyptotek (esse Carlsberg é mesmo o que você está pensando - o Museu foi fundado a partir da coleção de um filho do dono da famosa fábrica de cerveja)
E, por fim, a descoberta maior, a novíssima Biblioteca, conhecida pelos locais como
Diamante Negro, pelo fato de ser revestida de granito preto polido.
Este
incrível edifício, projetado por
Schmidt, Hanner & Lassen, é um anexo da Biblioteca Real da Dinamarca, e
está ligado em perfeita harmonia ao edifício antigo por passarelas aéreas para
pedestres.
Localizada
na avenida que margeia o Porto, conta com um auditório para concertos com 600
lugares, salas de exposições (tivemos oportunidade de visitar uma delas, sobre o filósofo dinamarquês Kierkegaard. Aqui, alguns de seus originais (quanto fascínio exercem essas cadernetas, ainda que não se possa decifrar nada ali):
Livraria (Deus meu! quanta tentação), restaurante e café
Do interior, esta vista deslumbrante para o estreito de Öresund e os antiquíssimos edifícios à margem