quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Hugo Gallet - o artista residente


Ontem, 15.09, Hugo Gallet, o artista residente que, há anos, faz parte do cenário da Livraria Alpharrabio, aniversariou. Ali pintou e desenhou dezenas e dezenas de trabalhos que sempre impressionam, não só pela técnica admirável (luz, sombra, perspectiva) que domina, mas pela prodigiosa imaginação. Não há, nem nunca houve, modelo nenhum para suas telas ou desenhos em papel, tudo vem do imaginado e da vasta cultura do artista.
Nos últimos dias, andei a mexer em velhos originais e encontro este poemeto, nele inspirado, num diário manuscrito de 2013 que publico abaixo, em forma de singela homenagem ao amigo. Vai também a imagem de seu mais recente e magnífico trabalho. A foto, amadora e de péssima qualidade, é minha, e talvez não dê ideia da maravilha que é esse trabalho, mas serve como convite para apreciá-la ao vivo, pois ainda se encontra no ateliê, digo, na livraria

o pintor e a última
pincelada na biblioteca
imaginária
a espada - punctum
os livros - o campo
cego, para os que
não querem ver
o pintor está cansado
retirou vidas
do seu viver
deu vida a seres
(aparentemente)
inanimados

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Homenagem inesperada, laços consolidados

A intenção da viagem não era propriamente “viajar”, mas pousar/repousar em casas/braços que nos abrigariam, como abrigaram, resgate de memórias/laços de sangue e de afetos.
Após um largo espaço de tempo, retornei ao Piauí (uma de minhas muitas pátrias), desta feita, levando Valdecirio, nascido naquele chão, mais especificamente, em Luzilândia, cidade que já me outorgou o título de cidadã honorária.
Após um longo período enfermo, Valdecirio, ainda fragilizado fisicamente, mas em ótima recuperação, viajou para abraçar os oito irmãos, os muitos sobrinhos e dezenas de familiares e amigos, além de sentir o sol/solo natal. Não só sentiu, como voltou/voltamos revigorados.
Uma viagem sem grande planejamento, decidida poucos dias antes, mas que se cumpriu para além do pensado e desejado.
Acompanhados de nossa sempre fiel e querida escudeira Luzia Maninha, lá ficamos por apenas seis dias, mais dois a viajar, na ida e na volta. O que eu não imaginava é que essa breve viagem, carregada de tantos sentidos e significados pessoais e familiares, também se transformaria num belo e gratificante momento literário.
Tinha reservado apenas algumas horas (quase) livres para o encontro com alguns amigos escritores  na Livraria Toccata, visita sempre obrigatória (obrigada, grandes anfitriãs, Socorro e Rita Vaz!) e, claro, também uma visita ao Mercado velho, lugar mágico, que jamais deixei de visitar nas dezenas de vezes que estive em Teresina, como de fato aconteceu.
Compromissos familiares cumpridos, inclusive com uma esticada de três dias a Luzilândia, a mais de 200 km de Teresina, deu-se o inesperado no campo literário.
Alguns amigos, liderados pelo poeta e agitador cultural Dudu Galisa (já por mim nomeado meu "agente literário" em Teresina, rss), mobilizaram-se e convocaram seus pares a participarem do já tradicional “Café Literário”, comandado pelo Professor e escritor Wellington Soares, na Livraria Anchieta, em Teresina, para uma inesperada e muito honrosa homenagem a esta poeta, ao lado de leituras em homenagem à grande Hilda Hilst. Necessário sublinhar que o Café/Sarau acontece uma vez por mês, na segunda quarta-feira e, neste caso, foi antecipado para que eu lá pudesse estar (motivo de honra maior), pois viajaria de retorno a SP, justamente no dia seguinte, quarta-feira.
Assim, no dia 10.09, uma tórrida terça-feira, temperatura chegando perto dos 40 graus,  recebi o igualmente caloroso acolhimento de um público surpreendente, incluindo notáveis nomes das letras.  Foi um memorável e fraterno momento que irá para a galeria principal das recordações de minha trajetória literária e de afetos.
Senti-me muito prestigiada ao ser apresentada por Wellington Soares e Thiago E, nomes da maior expressão artística e literária. Abracei velhos amigos camaradas das letras, como Cineas Santos, um nome já incluído na galeria central da cultura e das letras piauienses, que desde o lançamento do meu primeiro livro me acolheu várias vezes em sua lendária Livraria Corisco, onde fui apresentada a vários outros nomes da literatura piauiense, editados ou não pela Editora do mesmo nome.
Como citei na minha fala, recordo que nas inúmeras visitas anuais a Teresina durante todos os anos 80, encontrava-me na faixa entre os trinta e seis e quarenta anos, mas eram prestigiadas por escritores numa faixa etária bem superior à minha, sendo que as exceções foram Cineas Santos, Kenard Kruel, o saudoso Ramsés Ramos e Rubervam du Nascimento. Hoje, de maneira surpreendente e muito, muito gratificante, passo a dialogar com jovens na mesma minha faixa etária de então, o que mostra que essa coisa de “geração literária” não existe. Foram esses, muitos deles até o momento, para mim, apenas livros, que se “materializaram” nesse mágico encontro, em abraços, camaradagem e trocas poéticas das melhores.
Como não citar Demetrios Galvão? o primeiro poeta e editor com quem travei conhecimento, em novembro de 2015 e que veio a formar este “novo ciclo fraterno piauiense”, juntando-se  aos remanescentes de há mais de 30 anos. O encontro com Demetrios aconteceu  durante o 2º Fliáguas (Festival Literário das Águas), decorrido em Luzilândia, PI, para o qual fomos convidados a integrar a mesma mesa de debates. A partir daí, através dos caminhos criados por uma (quase) natural teia, em tempos de comunicação em redes, através da qual fui agregando outros nomes.
Registro alguns desses nomes, ali presentes, em corpo, poesia e palavra:
Wellington Soares, Cineas Santos, André Gonçalves, Samaria Andrade, Thiago E, Marleide Lins, Dudu Galisa, Carvalho Junior, Raimundo Uchôa Araújo, Isis Baião (Isis Maria Pereira de Azevedo Baião), Hildalene Pinheiro, Carlos Galvão, Paula Selma, Ana Villa, bem como Erica Marinho, proprietária da livraria, a quem também muito agradeço pela simpática acolhida.
Indispensável também registrar a presença dos familiares Teles Veras?: Vilma, Teresinha, Vânia, Edmilson, Efigenia, Davi, Nayra, Rafael, Cleonice, Neulsa, Lena.
O encontro foi animado pela bela voz de GabiGabriela e o violão de Geraldo Brito, nomes assíduos da cena musical teresinense.
Espero não ter esquecido outros nomes que, eventualmente não gravei, mas que por sua gentil participação ficaram igualmente gravados na memória afetiva.
Pela postura explícita dos escritores e artistas que ali estavam e se manifestaram (eu incluída) o encontro acaba também por se tornar um ato político e necessário.
Posso dizer que esta homenagem resultou, para mim, num momento epifânico, no sentido mais amplo de liturgia e comunhão, ainda que, neste caso, laica (mas sem deixar o sentido do sagrado de lado, até porque a camaradagem fraterna e coletiva se aproxima dessa dimensão).
Voltei em estado de graça, energizada no meu melhor (literário e humano).
O meu agradecimento profundo a todos os citados, mais os que não foram, mas sabem que estão. (dtv)   

Com o organizador e "mestre de cerimônias" do Café Literário, Wellington Soares

Apresentação de "uma carta de amor", Thiago E

Diálogo poético

a poeta lê os seus poemas

Comentário crítico e leitura de poema por Cineas Santos

Welligton Soares e Raimundo Uchôa Araújo

Hildalene Pinheiro

André Gonçalves e Samaria Andrade


Com Marleide Lins

Thiago E, DTV, Marleide Lins e Demetrios Galvão

Marleide Lins, Cineas Santos, Thiago E, Valdecirio Teles Veras e Demetrios Galvão

GabiGabriela e Geraldo Brito

Carvalho Junior, Wellington Soares, DTV, Dudu Galisa, Hildalene e Thiago E


registro fotográfico Luzia Maninha (que, como sempre, não apareceu nas fotos)

ENCONTROS FAMILIARES (Festas!)