A minha história pessoal está indelevelmente ligada à
história da região onde vivo e trabalho há 46 anos, o ABC, região metropolitana
de São Paulo.
Compulsiva, tenho por hábito recolher, registrar e guardar
aquilo que por mim passa. Tanto é verdade, que estou virando peça de Museu.
Essa condição, mais o mergulho na memória desta minha quase insana trajetória
de ativismo cultural, ainda que o reconhecimento seja desejável e
honroso, não tem sido fácil.
O questionamento e a certeza de saber que isto, via de regra, acontece, após
ultrapassarmos il mezzo del cammin di nostras vitas que, no meu caso, há muito
já ultrapassei, aponta para a certeza da inevitável finitude. O vídeo do link
abaixo, é um teaser retirado das mais de 12 horas de depoimentos que gravei
para a equipe da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, e fala desses
“compartimentos” diversos dos meus campos de atuação e interesse.
Juntamente com uma parcela do acervo do Núcleo Alpharrabio de Referência e
Memória, esse material de história oral (a minha) fará parte do recém-criado
Departamento Histórico e Cultural da Universidade Federal do Grande ABC -
UFABC. Sou imensamente grata à Profª Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky,
que desde 2013 muito se empenhou para que seu projeto inicial de pesquisar,
conservar e preservar esse acervo hoje venha se tornando uma realidade.
Entretanto, sem a jovem e entusiasmada equipe da Pró-Extensão e Cultura da
UFABC, PROEC, composta de servidores, estudantes, estagiários e voluntários,
tão competentemente coordenada pela historiadora e servidora daquela
Instituição, Caroline Silvério, responsável pelo setor de Ações e Projetos,
provavelmente não teríamos chegado até aqui da linda maneira que chegamos, com
este projeto transformado em Ação Estratégica daquela Pró-Reitoria, ou seja,
sem depender mais da concorrência a editais. Estou feliz, agradecida e,
naturalmente preocupada, pois dificilmente um projeto como esse é para ser
concluído em décadas e tenho dúvidas se posso contar em “décadas” os anos que
me restam. De qualquer forma, os primeiros passos foram dados e isso já é
muito.
Deixo aqui o meu “Bem haja” a todos/todas que acreditaram e seguem persistindo
na utopia da valorização do patrimônio e da memória.