sábado, 16 de julho de 2016

Ocupação SETENTA - a vida em verso de dalila teles veras


Era para ser outra coisa, mas foi esta. Era para ser em outro local, mas será neste. A intenção era a de entrar oficialmente na tal velhice do corpo, de forma silenciosa e reflexiva. Mas, como aliás sempre ocorreu nessa trajetória, nada é planejado nem enquadrado em metas, os 70 anos da poeta, graças a um grupo de gente cúmplice, generosa e dedicada, serão comemorados com algum estardalhaço. Era para ser apenas uma lembrança, um brinde, mas acabou por virar uma grande festa, festa da poesia, dos e para os amigos, em comunhão poética durante este mês de julho. Serão muitas as liturgias do espírito, todas concentradas na casinha da Rua Eduardo Monteiro, onde tem que ser, desde sempre, porque ali as energias emanam do pertencimento.
O conjunto de atividades no Alpharrabio tem nome: “Ocupação SETENTA – a vida em verso de dalila teles veras” e a seguinte programação:


15.07, sexta-feira - “ocupação” do muro externo da livraria, na técnica lambe-lambe.  Trata-se de um painel com reprodução de poemas e 70 capas de cadernetas de anotações de DTV, projeto de Luzia Maninha, em colaboração com Zhô Bertholini.

20h00 - Intervenção cênica “DA viagem à LILA”, com o grupo Pontos de Fiandeiras (“um mergulho na poesia de Dalila Teles Veras. Mergulho e busca. A palavra que sai do papel e inspira a forma cênica, ecoando fados e cantos. É intenção das atrizes fazer com que a encenação vá além dos fatos relatados, reverbere na memória e renove, com poesia, o olhar para o mundo”.
Ficha Técnica
Concepção e Direção Geral: Pontos de Fiandeiras
Textos: Dalila Teles Veras
Elenco: Camila Shunyata, Roberta Marcolin Garcia e Vivian Darini
Produção: Pontos de Fiandeiras

19.07 , terça-feira – 20h00 - “A Memória no processo criativo” Conversa com o dramaturgo Luís Alberto de Abreu e a poeta Dalila Teles Veras, sobre o papel da memória nos seus respectivos processos criativos.

23.07, sábado – 11h00 – Lançamento do livro “SETENTA anos, poemas, leitores”, uma antologia de poemas escolhidos por setenta leitores, dentre os quinze títulos publicados ao longo de trinta e quatro anos de DTV. A festa reunirá poetas/leitores/amigos para uma leitura dos poemas. 

domingo, 3 de julho de 2016

solidões da memória - notícias e impressões de leitura - XII

Recebi do jornalista Luiz Henrique Gurgel, amigo que muito prezo, estas apreciações de leitura do meu livro solidões da memória. Pelo seu inquestionável valor crítico, não resisto em deixá-las aqui registradas com a possibilidade de partilha com o leitor. Assim, o livrinho segue a ganhar corpo e análise estética. Feliz. (dtv) 

"Nem sei ao certo quanto tempo faz que carrego essas anotações comigo, esperando a hora de vir passá-las numa mensagem e enviar a você. Esperar horas de alguma tranquilidade para isso é uma grande besteira, elas nunca vêm. Na verdade queria era dizer mais e por isso fui deixando as palavras rascunhadas em folhas soltas dentro do livro, imaginando a hora em que pudesse fazer um registro mais consistente, com impressões ainda mais significativas. A começar pelo título e pela epígrafe de Raul Bopp. O título é tão condizente, tão harmônico, perfeito para coisas vivas que ao mesmo tempo estão perdidas, guardadas, recobertas, escondidas, voluntária ou involuntariamente ‘embaúsadas’, sozinhas. Na verdade as três epígrafes são fortes, significativas e cumprem tão bem o papel de alertar o leitor para o que vai achar e percorrer nas páginas que virão. Saio dessa leitura – cheia de idas e vindas, de retornos ao livro – com impressões muito marcantes, marcadas (e falo, mesmo, de algo impresso no meu ser, por mais etéreo e fluido e ondulante e impreciso, mais ou menos como as próprias impressões da memória). O mais fascinante é acompanhar a trajetória das suas sensações, dos possíveis movimentos internos e próprios ao ser Dalila e, fundamentalmente, à poeta Dalila que transformou esses embates internos, irrequietos, mesmo quando pareçam estar adormecidos – e não creio que tenha sido o caso – em versos. Também é inevitável, na visita que o leitor faz, quase um voyeur nas perscrutações da poeta, carregadas de imagens referenciais, trazidas no bojo dos verso e também pelas fotos que os ilustram, desejar visitar a Madeira, o Funchal, como a ter esperança (ilusória) de respirar as mesmas sensações. Claro, isso é impossível e vão, no máximo podemos querer nos enganar (mas o livro instiga a essa tentação). E talvez pudesse ser frustrante a alguém que se dispusesse a tal coisa, pois a viagem, a rica viagem, está exatamente em percorrer os versos e aí, sim, impregnar-se daquelas imagens e sensações que somente eles foram capazes de nos proporcionar, a nós felizes leitores. Um grande abraço, Luiz Henrique Gurgel"