sábado, 16 de maio de 2015

Manhã de Maio

A luz desta manhã de maio me convidou a andar. Anotar a cidade e suas passagens, um exercício adorável, mas que tenho praticado pouco.
Agora, luz natural já apagada, reabro um livro de um poeta que andei a reler nos últimos dias, Edimilson de Almeida Pereira, mineiro/brasileiro/universal.
Como poesia (a boa poesia) jamais envelhece, copio aqui um dos poemas, de uma página aberta ao acaso, lido com o frescor deste dia.


POROS

Maio convida a passeios.
Tudo exposto como se alguém
deixasse a luz acesa.
Sorri um crime de besouros,
um filho chega à janela.
O homem antevê seu chapéu.
Nomes não chamam ninguém
mas costuram o mundo.
Se a ferrugem floresce,
abre incêndios nas calhas.
O que é permanência dura
um eclipse

in As Coisas Arcas, obra poética 4, Funalfa Edições, 2003