A notícia da atribuição do título "Doutora Honoris Causa" pela Universidade Federal do ABC - UFABC a Dalila Teles Veras, repercute em Portugal
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Doutora Honoris Causa
Título de Doutora Honoris Causa, pela Universidade
Federal do ABC – UFABC, para Dalila Isabela Agrela Teles Veras
Há dias
que minha alma encontra-se em estado de embriaguez. O coração acelerado ameaçou
arrebentar, caso não compartilhasse com mais gentes, aqui e aos quatro ventos,
a razão dessa suprema alegria. Entre os mais próximos, algumas garrafas já
foram esvaziadas com brindes nos brindes.
Após um
longo trâmite acadêmico, foi aprovado pelo Conselho Universitário da UFABC
– Universidade Federal do ABC, a atribuição do título de DOUTORA HONORIS CAUSA
a esta velha poeta.
Confesso que jamais sonhei com uma honraria dessa magnitude e sequer desconfiava que esse processo estivesse em andamento. É realmente uma distinção máxima atribuída por uma Universidade e nem preciso dizer do quanto estou feliz. Espero que os amigos também se alegrem comigo e por mim.
Confesso que jamais sonhei com uma honraria dessa magnitude e sequer desconfiava que esse processo estivesse em andamento. É realmente uma distinção máxima atribuída por uma Universidade e nem preciso dizer do quanto estou feliz. Espero que os amigos também se alegrem comigo e por mim.
Ainda
não está marcada a data da cerimônia de outorga do título, que deverá ser
próxima, mas a UFABC já tornou público, em seu site, todo o histórico do
processo da atribuição do título, iniciado em 2016, inclusive com os pareceres
de inúmeras pessoas e instituições consultadas. Aos que por ventura estejam
interessados, deixo o link abaixo.
O vídeo indiscreto foi gravado por um “paparazzi” amigo que encontrava-se na última fileira da sala onde se reuniam os membros do CEC – Comitê de Extensão e Cultura daquela instituição e dá conta da minha surpresa e emoção quando o Pró-Reitor de Extensão e Cultura, Prof. Dr. Leonardo José Steil, anunciou a decisão do Conselho Universitário.
O vídeo indiscreto foi gravado por um “paparazzi” amigo que encontrava-se na última fileira da sala onde se reuniam os membros do CEC – Comitê de Extensão e Cultura daquela instituição e dá conta da minha surpresa e emoção quando o Pró-Reitor de Extensão e Cultura, Prof. Dr. Leonardo José Steil, anunciou a decisão do Conselho Universitário.
Não
poderia deixar de fazer um agradecimento público e emocionado aos autores da
sugestão de indicação da concessão do título, Profª Dr. Silvia Helena
Fracciolla Passarelli, Prof. Dr. Daniel Pansarelli e Prof. Dr. Francisco de
Assis Comarú.
Em tempo: em seus 13 anos de existência, a UFABC concedeu apenas 3 títulos de Doutor Honoris Causa e sou a primeira mulher a recebe-lo. Reparto-o, assim, com todas as mulheres, minhas conhecidas ou não, que foram ocultadas por serem mulheres, mas que mereceram outros tantos títulos e honrarias.
Abaixo o link para consulta a todo o processo, no site da UFABC.
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Hugo Gallet - o artista residente
Ontem,
15.09, Hugo Gallet, o artista residente que, há anos, faz parte do cenário da
Livraria Alpharrabio, aniversariou. Ali pintou e desenhou dezenas e dezenas de
trabalhos que sempre impressionam, não só pela técnica admirável (luz, sombra,
perspectiva) que domina, mas pela prodigiosa imaginação. Não há, nem nunca
houve, modelo nenhum para suas telas ou desenhos em papel, tudo vem do
imaginado e da vasta cultura do artista.
Nos
últimos dias, andei a mexer em velhos originais e encontro este poemeto, nele
inspirado, num diário manuscrito de 2013 que publico abaixo, em forma de
singela homenagem ao amigo. Vai também a imagem de seu mais recente e magnífico
trabalho. A foto, amadora e de péssima qualidade, é minha, e talvez não dê
ideia da maravilha que é esse trabalho, mas serve como convite para apreciá-la
ao vivo, pois ainda se encontra no ateliê, digo, na livraria
o
pintor e a última
pincelada na biblioteca
imaginária
pincelada na biblioteca
imaginária
a
espada - punctum
os livros - o campo
cego, para os que
não querem ver
os livros - o campo
cego, para os que
não querem ver
o
pintor está cansado
retirou vidas
do seu viver
deu vida a seres
(aparentemente)
inanimados
retirou vidas
do seu viver
deu vida a seres
(aparentemente)
inanimados
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
Homenagem inesperada, laços consolidados
A intenção da viagem não era propriamente “viajar”, mas
pousar/repousar em casas/braços que nos abrigariam, como abrigaram, resgate de
memórias/laços de sangue e de afetos.
Após um largo espaço de tempo, retornei ao Piauí (uma de
minhas muitas pátrias), desta feita, levando Valdecirio, nascido naquele chão,
mais especificamente, em Luzilândia, cidade que já me outorgou o título de
cidadã honorária.
Após um longo período enfermo, Valdecirio, ainda
fragilizado fisicamente, mas em ótima recuperação, viajou para abraçar os oito irmãos,
os muitos sobrinhos e dezenas de familiares e amigos, além de sentir o sol/solo
natal. Não só sentiu, como voltou/voltamos revigorados.
Uma viagem sem grande planejamento, decidida poucos dias
antes, mas que se cumpriu para além do pensado e desejado.
Acompanhados de nossa sempre fiel e querida escudeira
Luzia Maninha, lá ficamos por apenas seis dias, mais dois a viajar, na ida e na
volta. O que eu não imaginava é que essa breve viagem, carregada de tantos
sentidos e significados pessoais e familiares, também se transformaria num belo
e gratificante momento literário.
Tinha reservado apenas algumas horas (quase) livres para
o encontro com alguns amigos escritores na Livraria Toccata, visita sempre obrigatória
(obrigada, grandes anfitriãs, Socorro e Rita Vaz!) e, claro, também uma visita ao
Mercado velho, lugar mágico, que jamais deixei de visitar nas dezenas de vezes
que estive em Teresina, como de fato aconteceu.
Compromissos familiares cumpridos, inclusive com uma esticada
de três dias a Luzilândia, a mais de 200 km de Teresina, deu-se o inesperado no
campo literário.
Alguns amigos, liderados pelo poeta e agitador cultural
Dudu Galisa (já por mim nomeado meu "agente literário" em Teresina, rss), mobilizaram-se e convocaram seus pares a participarem do já
tradicional “Café Literário”, comandado pelo Professor e escritor Wellington
Soares, na Livraria Anchieta, em Teresina, para uma inesperada e muito honrosa
homenagem a esta poeta, ao lado de leituras em homenagem à grande Hilda Hilst.
Necessário sublinhar que o Café/Sarau acontece uma vez por mês, na segunda
quarta-feira e, neste caso, foi antecipado para que eu lá pudesse estar (motivo
de honra maior), pois viajaria de retorno a SP, justamente no dia seguinte, quarta-feira.
Assim, no dia 10.09, uma tórrida terça-feira, temperatura
chegando perto dos 40 graus, recebi o
igualmente caloroso acolhimento de um público surpreendente, incluindo notáveis
nomes das letras. Foi um memorável e
fraterno momento que irá para a galeria principal das recordações de minha
trajetória literária e de afetos.
Senti-me muito prestigiada ao ser apresentada por
Wellington Soares e Thiago E, nomes da maior expressão artística e literária. Abracei
velhos amigos camaradas das letras, como Cineas Santos, um nome já incluído na
galeria central da cultura e das letras piauienses, que desde o lançamento do
meu primeiro livro me acolheu várias vezes em sua lendária Livraria Corisco,
onde fui apresentada a vários outros nomes da literatura piauiense, editados ou
não pela Editora do mesmo nome.
Como citei na minha fala, recordo que nas inúmeras
visitas anuais a Teresina durante todos os anos 80, encontrava-me na faixa
entre os trinta e seis e quarenta anos, mas eram prestigiadas por escritores
numa faixa etária bem superior à minha, sendo que as exceções foram Cineas
Santos, Kenard Kruel, o saudoso Ramsés Ramos e Rubervam du Nascimento. Hoje, de
maneira surpreendente e muito, muito gratificante, passo a dialogar com
jovens na mesma minha faixa etária de então, o que mostra que essa coisa de
“geração literária” não existe. Foram esses, muitos deles até o momento, para
mim, apenas livros, que se “materializaram” nesse mágico encontro, em abraços,
camaradagem e trocas poéticas das melhores.
Como não citar Demetrios Galvão? o primeiro poeta e
editor com quem travei conhecimento, em novembro de 2015 e que veio a formar este
“novo ciclo fraterno piauiense”, juntando-se aos remanescentes de há mais de 30 anos. O
encontro com Demetrios aconteceu durante
o 2º Fliáguas (Festival Literário das Águas), decorrido em Luzilândia, PI, para
o qual fomos convidados a integrar a mesma mesa de debates. A partir daí,
através dos caminhos criados por uma (quase) natural teia, em tempos de
comunicação em redes, através da qual fui agregando outros nomes.
Registro alguns desses nomes, ali presentes, em corpo,
poesia e palavra:
Wellington Soares, Cineas Santos, André Gonçalves,
Samaria Andrade, Thiago E, Marleide Lins, Dudu Galisa, Carvalho Junior,
Raimundo Uchôa Araújo, Isis Baião (Isis Maria Pereira de Azevedo Baião), Hildalene
Pinheiro, Carlos Galvão, Paula Selma, Ana Villa, bem como Erica Marinho,
proprietária da livraria, a quem também muito agradeço pela simpática acolhida.
Indispensável também registrar a presença dos familiares
Teles Veras?: Vilma, Teresinha, Vânia, Edmilson, Efigenia, Davi, Nayra,
Rafael, Cleonice, Neulsa, Lena.
O encontro foi animado pela bela voz de GabiGabriela e o
violão de Geraldo Brito, nomes assíduos da cena musical teresinense.
Espero não ter esquecido outros nomes que, eventualmente
não gravei, mas que por sua gentil participação ficaram igualmente gravados na
memória afetiva.
Pela postura explícita dos escritores e artistas que ali
estavam e se manifestaram (eu incluída) o encontro acaba também por se tornar
um ato político e necessário.
Posso dizer que esta homenagem resultou, para mim, num
momento epifânico, no sentido mais amplo de liturgia e comunhão, ainda que,
neste caso, laica (mas sem deixar o sentido do sagrado de lado, até porque a camaradagem
fraterna e coletiva se aproxima dessa dimensão).
Voltei em estado de graça, energizada no meu melhor
(literário e humano).
O meu agradecimento profundo a todos os citados, mais os
que não foram, mas sabem que estão. (dtv)
Com o organizador e "mestre de cerimônias" do Café Literário, Wellington Soares |
Apresentação de "uma carta de amor", Thiago E |
Diálogo poético |
a poeta lê os seus poemas |
Comentário crítico e leitura de poema por Cineas Santos |
Welligton Soares e Raimundo Uchôa Araújo |
Hildalene Pinheiro |
André Gonçalves e Samaria Andrade |
Com Marleide Lins |
Thiago E, DTV, Marleide Lins e Demetrios Galvão |
Marleide Lins, Cineas Santos, Thiago E, Valdecirio Teles Veras e Demetrios Galvão |
GabiGabriela e Geraldo Brito |
Carvalho Junior, Wellington Soares, DTV, Dudu Galisa, Hildalene e Thiago E registro fotográfico Luzia Maninha (que, como sempre, não apareceu nas fotos) ENCONTROS FAMILIARES (Festas!) |
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
Busca por novas formas de fazer política
Você sabe o que é uma “Bancada Ativista” e o que significa
um mandato coletivo, com uma deputada eleita e outros oito CoDeputados com
direito a propostas e elaboração de decretos? Pois foi isso que aprendi ontem
em detalhes, durante uma reunião do Movimento em Santo André que tenta
construir algo semelhante à bela experiência de São Paulo, Capital.
Foi assim:
Monica Cristina Seixas Bonfim, Deputada estadual por São
Paulo, ou simplesmente Mônica Seixas ou, ainda, “Mônica da Bancada Ativista da
Assembleia Legislativa de SP”, seu nome parlamentar e como é conhecida e
reconhecida.
Jornalista, redatora, 33 anos. Fala mansa, mas segura,
expressão e clareza no discurso, a CoDeputada compareceu, ontem, quinta-feira,
22.8.19, à III Assembleia do Movimento local, realizada nas dependências da Livraria
Alpharrabio, que a convidou para falar de sua experiência nesse modelo coletivo
de mandato, algo ainda muito novo e desconhecido entre a maioria.
Nas eleições de 2018, foi eleita deputada
estadual por São Paulo, através dessa nova modalidade de campanha, a primeira vez que uma
candidatura coletiva foi eleita no estado de São Paulo.
A Bancada Ativista é formada por nove ativistas políticos de
diversas áreas: Anne Rammi, ciclista e
ativista de causas ligadas à maternidade;
Chirley Pankará, indígena e pedagoga;
Claudia Visoni, jornalista, ambientalista e agricultora urbana; Erika Hilton, transexual, negra e
ativista de direitos humanos; Fernando Ferrari, militante da
juventude periférica e da participação popular no orçamento público; Jesus dos Santos, militante da, da comunicação e
do movimento negro; Paula Aparecida, professora da
rede pública, feminista e ativista pelos direitos dos animais; e Raquel Marques, sanistarista, ativista pela equidade de gênero e do parto humanizado. Obteve 149.844 votos, totalizados 0,72% dos votos válidos, a
primeira vez que alguém se elege em SP, com esse modelo de mandato.
Mônica iniciou sua fala, pedindo à roda que fizesse perguntas.
Anotou e foi encaixando respostas para todas elas, num longo, mas fascinante
depoimento, do qual extraí os trechos abaixo:
Apresentou-se: - “preta, mãe, favelada, histórico de violência
dos pais, do casamento... militância
política, por necessidade vital e circunstancial, desde os 13 anos de idade. Desde
cedo, sabia que minha presença, minha fala, meu corpo... era incômodo. Já são 20 anos de militância. 2016,
em minha primeira candidatura, 2016, fui candidata a Prefeita de minha cidade,
Itú (interior de São Paulo), uma cidade reacionária, com um partido monárquico
forte. “
- “Eu acredito numa série de coisas e uma delas é de que
podemos mudar a forma de encarar a política de forma polarizada, ou seja, apenas
como coisa de doutores ou coisa corruptos. A candidatura coletiva não é contra
partidos, mas contra fisiologismos”.
“A Bancada Ativista nasce em 2016, como curadoria, ou seja,
ajuda de todos em tudo, comunicação, parte jurídica, arrecadação de fundos, etc.
No início, eram 15 CoCandidatos, sem experiência nem recursos, preocupados em
saber quais seriam os desafios de um mandato coletivo. Com o avançar das
coisas, ficaram 9 candidatos, todos referência em suas respectivas áreas, sendo
eu a escolhida para concorrer à cadeira, após um longo e exaustivo processo de
discussões. Após a eleição, os nove assumiram conjuntamente o mandato. Não
trabalhamos com consenso, mas consentimento, ou seja, até o momento em que
alguém diga o seguinte: -Até aqui eu
fico confortável ou “pra mim não dá”. Aí para tudo, volta-se à discussão, chama-se
mais gente, promovemos debate público até que haja o consentimento de todos. É
uma forma de humanizar relações e afetos. Respeitar as diversas e diferentes bagagens”.
- “Assim, eu não sou deputada, não falo em meu nome, o
mandato é coletivo. E isso já ficou claro para todo mundo. Somos 9 deputados,
mas sem as “vantagens” que um deputado teria. Tudo é discutido e dividido em
conjunto. Ora sou figura pública, ora sou assessora de mim mesma. Nosso mandato
é maior que nós”.
- “A civilização
precisa de um novo passo. Vivemos uma crise sem precedentes. Cultural, econômica,
civilizatória. É o fim da Nova República no Brasil. No mundo, o centro está
esvaziado e prevalece a polarização, esquerda e direita”.
- “A Bancada ativista é um movimento de experiência e de renovação.
Não é coligação, mas movimento de fissura histórica. Uma nova forma de política,
de observar e colocar o centro do cotidiano no centro do poder. A periferia é o
centro e suas pautas periféricas, mulheres, feminismo, jovens, movimento negros,
LGBTs, etc. O que está pensando a periferia? Colocar a periferia no cento do
debate. Sim, é preciso observar. Eles fazem isso com a gente o tempo todo.”
E a conversa, num clima de camaradagem fraterna e muitos
questionamentos, entrou noite adentro, com a luxuosa contribuição do músico Fernando Neves que nos fez canta Clube da Esquina.
A clareza e o didatismo sobre a construção da Bancada foi
brilhante. Fiquei mais confiante no futuro. Se alguma coisa acontecer para melhor
no panorama político brasileiro, será pela cabeça, mãos e pernas de políticos
como a Mônica que redime a política no seu mais amplo e verdadeiro sentido.
Quando, Neri Silvestre e Sandro Nicodemo, entusiastas e incansáveis
lutadores por novas formas de fazer política e pensar políticas públicas, me
procuram em nome do Movimento para solicitar que a livraria acolhesse esse
encontro, estava curiosa para ouvi-los, mas não fazia ideia do quanto me faria bem
essa noite.
Saí da livraria revigorada. O desânimo que vem me acometendo
desde janeiro, amenizado pela presença de tanta gente bacana, jovens, na sua
maioria, das mais diversas formações (músicos, artistas, professores,
sociólogos, enfim...) ativistas que há anos lutam por causas as mais diversas e
pulsantes, dispostos a contribuir com uma sociedade mais igualitária e menos
violenta. Mesmo que isso não resulte numa candidatura exatamente na mesma
modalidade da Banca Ativista de São Paulo, tenho certeza que a experiência
acumulada no processo, muito servirá de aprendizado e bagagem para o futuro.
O processo democrático e coletivo é árduo, difícil, requer
dedicação praticamente integral, mas como disse Mônica, “Política é paixão” e
serão esses apaixonados pela prática da verdadeira política, aquela voltada
para os interesses da polis que poderão fazer avançar o desejo de uma sociedade
menos desigual e violenta. (dtv)
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
Um posfácio de dtv a título de "documento acadêmico"
Zapeando pelo Goole, encontrei um texto meu, publicado em meu livro À Janela dos Dias, a título de posfácio, como "exemplo de posfácio", na obra "Documentos Acadêmicos". Eu? na Academia? Citada como "exemplo"? Noutro dia, uma crônica minha (vi também pelo Google) foi tema de vestibular de língua portuguesa...
Achei curioso (vaidade? Talvez...)
Livro: "Documentos Acadêmicos: um padrão de Qualidade", Editora Universitária - Universidade Federal de Pernambuco.
Autores: Maria Aparecida Esteves Caldas, Maria Marinês Gomes Vidal, Maria Valeria B. de Abreu Vasconcelos e Luiz Carlos Carvalho de Castro.
Link para a Matéria (pdf) no Google
Achei curioso (vaidade? Talvez...)
Livro: "Documentos Acadêmicos: um padrão de Qualidade", Editora Universitária - Universidade Federal de Pernambuco.
Autores: Maria Aparecida Esteves Caldas, Maria Marinês Gomes Vidal, Maria Valeria B. de Abreu Vasconcelos e Luiz Carlos Carvalho de Castro.
Link para a Matéria (pdf) no Google
sábado, 10 de agosto de 2019
Da Série Objetos com História - II - Agasalhar com a alma
Hoje
foi dia de usar a echarpe que pertenceu a minha mãe, Maria Lourdes Olival
Agrela, falecida em 2002. Quando tive que exercer a dolorosa ação de doar os
seus objetos pessoais (poucos por sinal, roupas, sapatos, enfim), não resisti e
guardei duas ou três peças que, além dos vasos de orquídea que até hoje
florescem sem os seus cuidados e os descuidados meus, materializam ainda sua
presença de uma determinada forma que só a mim faz sentido.
Não
sou apegada a bens materiais, mas acabo guardando muitas coisas, não por seu
valor monetário, mas pela simbologia da memória que faz parte de minha trajetória
de vida. Uma delas é esta echarpe, da qual gosto muito (foi presente meu para
ela que, ao contrário de mim, era calorenta e pouco se agasalhava, razão pela
qual, a peça é de um tecido leve, mais para ornamentar do que agasalhar)
Como
pouco vou ao cemitério, estabeleci algumas formas de homenagear meus mortos
queridos e diminuir a saudade que deixaram. O uso desta echarpe, em dias de
necessidade de afeto maternal, é uma delas. Além de homenagear, também me
acalenta e embala. Quando contei isso a minha amiga argentina Margarita Lo
Russo, ela me disse que existia uma bela palavra em seu idioma materno que bem
definiria este gesto: “apapachar”, ou seja, “abraçar ou agasalhar com a alma”.
Achei isso tão bonito que passei a usar a peça mais vezes, pois, assim, além de
relembrar a mãe, agasalhando-me de ternura, homenageio igualmente este belíssimo
vocábulo apapachar.
domingo, 4 de agosto de 2019
Da série "Objetos com história" - Meu casaco húngaro
Hoje
vesti meu casaco húngaro, adquirido numa visita a Budapest, em 2005, e que me
acompanha desde então. Sempre que preciso de energias e por inexplicável razão
simbólica (talvez por ser tecido em tear manual, talvez por sua estampa florida e seus botões de ferro...), visto-o e é como se proferisse uma palavra mágica, do tipo “shazam”,
para passar o restante do dia com a sensação de cavalgar o dia, feito os
“ginetes apocalípticos” daquela terra de fronteiras constantemente alteradas.
Os objetos possuem poder.
Abaixo
um poema que fiz à época, dedicado àquele povo e que integra um livro inédito e
há anos, sempre “in progress”, cujo título, provisório é poemas errantes ou viagens na minha e outras terras:
Magyarország e sua língua
a
velha magyarország
século
após século
desde
sua fundação
no
século IX, foi
ocupada
/ dominada
por
romanos,
celtas,
eslavos
otomanos,
turcos
hunos
e russos
do
fausto do império
à
utopia do comunismo
a
hungria cigana
hoje
experimenta
a
democracia, enfrenta
globalização
e consumismo
(nova
ameaça)
Dessa
história toda
ficou-me
a imagem mítica
dos
“ginetes apocalípticos”
que
cavalgaram dia e noite
comeram
a si mesmos
pela
conquista da terra
e
da própria identidade
cravaram
“magyar”
no
próprio peito e
nas
terras conquistadas
construíram uma língua
que é só deles
que é só deles
sem
parentescos
-
singular patrimônio
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019
A poeta e sua memória na UFABC
A minha história pessoal está indelevelmente ligada à
história da região onde vivo e trabalho há 46 anos, o ABC, região metropolitana
de São Paulo.
Compulsiva, tenho por hábito recolher, registrar e guardar
aquilo que por mim passa. Tanto é verdade, que estou virando peça de Museu.
Essa condição, mais o mergulho na memória desta minha quase insana trajetória
de ativismo cultural, ainda que o reconhecimento seja desejável e
honroso, não tem sido fácil.
O questionamento e a certeza de saber que isto, via de regra, acontece, após
ultrapassarmos il mezzo del cammin di nostras vitas que, no meu caso, há muito
já ultrapassei, aponta para a certeza da inevitável finitude. O vídeo do link
abaixo, é um teaser retirado das mais de 12 horas de depoimentos que gravei
para a equipe da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, e fala desses
“compartimentos” diversos dos meus campos de atuação e interesse.
Juntamente com uma parcela do acervo do Núcleo Alpharrabio de Referência e
Memória, esse material de história oral (a minha) fará parte do recém-criado
Departamento Histórico e Cultural da Universidade Federal do Grande ABC -
UFABC. Sou imensamente grata à Profª Andrea Paula dos Santos Oliveira Kamensky,
que desde 2013 muito se empenhou para que seu projeto inicial de pesquisar,
conservar e preservar esse acervo hoje venha se tornando uma realidade.
Entretanto, sem a jovem e entusiasmada equipe da Pró-Extensão e Cultura da
UFABC, PROEC, composta de servidores, estudantes, estagiários e voluntários,
tão competentemente coordenada pela historiadora e servidora daquela
Instituição, Caroline Silvério, responsável pelo setor de Ações e Projetos,
provavelmente não teríamos chegado até aqui da linda maneira que chegamos, com
este projeto transformado em Ação Estratégica daquela Pró-Reitoria, ou seja,
sem depender mais da concorrência a editais. Estou feliz, agradecida e,
naturalmente preocupada, pois dificilmente um projeto como esse é para ser
concluído em décadas e tenho dúvidas se posso contar em “décadas” os anos que
me restam. De qualquer forma, os primeiros passos foram dados e isso já é
muito.
Deixo aqui o meu “Bem haja” a todos/todas que acreditaram e seguem persistindo
na utopia da valorização do patrimônio e da memória.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2019
sobre poesia, ainda - testemunho a 50 vozes
Em minhas mãos, este belo volume, saído do forno, cheirando a tinta fresca.
O que pensam 50 poetas brasileiros sobre poesia. Vozes dissonantes, mas coral afinado com a diversidade do pensar e do fazer. Um quase manifesto, testemunhos.
Muita honra e alegria em participar desta obra, ao lado de tanta gente que leio e admiro.
Em
2015, o poeta Tarso de Melo, irrequieto pensador e articulador dos mais
incríveis projetos literários, elaborou uma curta enquete, que denominou
"sobre poesia, ainda" e
enviou as mesmas cinco breves/agudas perguntas a poetas seus amigos de
idades, origens e tendências diversas, de vários estados brasileiros. À medida
que as respostas foram chegando, ele as foi publicando no blog “Contra tanto
silêncio”. Ao conjunto inicial publicado no blog (28 poetas), juntou-se outro
de inéditos, totalizando um timaço que resultou neste “Sobre poesia, ainda –
cinco perguntas, cinquenta poetas”, cuidadosa e elegantemente editado pela Lume
Editor, organizado e apresentado pelo próprio Tarso, orelhas de Renan
Nuernberger e um primoroso posfácio a duas vozes, de Diana Junkes e Fábio
Weintraub.
“No
fundo, diante de tanto horror, a própria reunião dessas vozes (des)encontradas
é um sinal positivo que parece dizer: somos diversos e ainda estamos vivos.”
RN, na orelha do livro.
Poetas que integram o livro:
Adelaide Ivánova, Adriano Scandolara, Alberto Pucheu, Ana Estaregui, Ana Rüsche, André Luiz Pinto, Andréa Catrópa, Annita Costa Malufe, Antonio Moura, Bruna Beber, Bruna Mitrano, Carla Diacov, Carlos Augusto Lima, Carlos Ávila, Carlos Felipe Moisés, Casé Lontra Marques, Dalila Teles Veras, Danielle Magalhães, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Edimilson De Almeida Pereira, Eduardo Sterzi, Fernando Fiorese, Guilherme Gontijo Flores, Heitor Ferraz Mello, Helio Neri, Júlia De Carvalho Hansen, Júlia Studart, Leila Guenther, Leonardo Gandolfi, Lilian Aquino, Lubi Prates, Lucas Bronzatto, Manoel Ricardo de Lima, Marcos Siscar, Micheliny Verunschk, Nina Rizzi, Pádua Fernandes, Paulo Ferraz, Prisca Agustoni, Reynaldo Damazio, Ricardo Aleixo, Ronald Polito, Ruy Proença, Sérgio Alcides, Sergio Cohn, Simone Brantes, Thiago E, Thiago Ponce de Moraes e Yasmin Nigri.
Poetas que integram o livro:
Adelaide Ivánova, Adriano Scandolara, Alberto Pucheu, Ana Estaregui, Ana Rüsche, André Luiz Pinto, Andréa Catrópa, Annita Costa Malufe, Antonio Moura, Bruna Beber, Bruna Mitrano, Carla Diacov, Carlos Augusto Lima, Carlos Ávila, Carlos Felipe Moisés, Casé Lontra Marques, Dalila Teles Veras, Danielle Magalhães, Danilo Bueno, Dirceu Villa, Edimilson De Almeida Pereira, Eduardo Sterzi, Fernando Fiorese, Guilherme Gontijo Flores, Heitor Ferraz Mello, Helio Neri, Júlia De Carvalho Hansen, Júlia Studart, Leila Guenther, Leonardo Gandolfi, Lilian Aquino, Lubi Prates, Lucas Bronzatto, Manoel Ricardo de Lima, Marcos Siscar, Micheliny Verunschk, Nina Rizzi, Pádua Fernandes, Paulo Ferraz, Prisca Agustoni, Reynaldo Damazio, Ricardo Aleixo, Ronald Polito, Ruy Proença, Sérgio Alcides, Sergio Cohn, Simone Brantes, Thiago E, Thiago Ponce de Moraes e Yasmin Nigri.
Observação
autorreferente e possivelmente sem nenhuma utilidade prática:
Fui a 9ª a responder às perguntas (respostas publicados no blog em 07.04.2015 – link no primeiro comentário) Mérito nenhum nisso. A pressa foi motivada pelo desejo de me desincumbir de uma tarefa na qual não me sentia nada confortável. Afinal, dentre as “feras” que responderam antes de mim, estava o saudoso Carlos Felipe Moisés, imenso poeta, reconhecido crítico e pensador admirável a quem, merecidamente, a obra é dedicada. Responsabilidade monstra! Fui a primeira mulher a enviar as respostas e permaneci a única mulher dentre os primeiros 23 poetas publicados no blog o que me causava bastante inquietação, ainda que o organizador me acalmasse dizendo que viriam, como vieram. Finalmente, um bom equilíbrio: 21 mulheres e 29 homens, uma novidade em obras deste gênero, graças ao empenho do organizador que, desde o início demonstrou preocupação com essa questão (as vozes femininas em igualdade de condições).
Observação II
a)- A quem interessado esteja, temos alguns exemplares disponíveis para venda na livraria Alpharrabio (pedidos para virtual@alpharrabio.com.br).
b)- Como aperitivo, acesse o blog Contra tanto silêncio:
(dtv)
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