segunda-feira, 17 de março de 2025

Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem 13 – Mariana Basílio

 



Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem

 

13 – Mariana Basílio

 

Esta é a 13ª postagem que faço em homenagem às mulheres escritoras brasileiras. No primeiro texto desta série, dizia eu que a literatura brasileira vive um momento de extraordinária potência criativa. Não tenho lembrança de época tão rica e singular.

De uns anos para cá, observando o crescimento de volumes de autoria de mulheres, resolvi juntá-los num canto da bibliocasa. Por alto, são mais de 1000 volumes, num cardápio estonteante.

Que me perdoem os homens, lidos também com muito interesse (e são muitos), neste mês de março, a prioridade é delas, como até há bem pouco tempo foi deles. Agora são eles e elas, no mesmo diapasão.

Repito que não se trata de mero julgamento de valor literário (mas também), trata-se uma leitura crítica de cunho muito pessoal. Listas, como se sabe, são sempre passíveis de julgamento, sei do risco, mas ainda assim, arrisco. Optei pelas poetas vivas, que publicam com regularidade e integram o meu acervo.

 

Hoje selecionei os três livros de Mariana Basílio, nascida em Bauru, interior de São Paulo e atualmente reside na Capital. Não me lembro exatamente quando nem onde adquiri seu livro Tríptico, Ed. Patuá, 2018. Pelos dados da orelha, tratava-se de uma escritora muito jovem e, por isso mesmo, chamou minha atenção a maturidade e destreza com que maneja a língua da poesia. Sua cultura literária é rara e nada compatível com sua idade (nasceu em 1989) se levarmos em conta outras estreias. A princípio, fiquei desconfiada, pelo fato de não confiar (literariamente) em ninguém com menos de trinta. Levei uma surra estética, derrubando minha ridícula teoria.

Na verdade, antes desse título, Maria publicou “Nepente”, 2015 e “Sombras & Luzes”, 2016. A propósito, curiosidade aguçada como sempre, fui pesquisar sobre esses livros e me apareceu um único volume de “Nepente” num portal de sebos. Não se animem, só havia esse volume, comprei e agora, já é meu e estou na expectativa do recebimento.

Voltemos ao Tríptico, que recebeu o apoio para publicação do ProAc São Paulo. Na orelha de “Tríptico”, anota Micheliny Verunschk: Poetas audazes são salutares para que a poesia continue cumprindo sua vocação de linguagem sempre nova, por isso há que saudar a voz de Mariana Basílio e esse poema que nos captura para um outro território.”

Se não saudei antes, faço-o agora.

Em 2020, o ano que passou, mas não foi esquecido, a Patuá publica “Mácula”, também com patrocínio do ProAc. A título de posfácio, é a poeta que nos diz que “A seção principal do livro Mácula foi constituída com uma pesquisa realizada nas redes sociais, no dia 9 de junho de 2020. A partir do questionamento “Quais são as palavras, ou qual a grande palavra de sua vida hoje?” 266 pessoas responderam à pesquisa, totalizando 342 palavras indicadas entre os participantes, em um período de 24 horas. Desses, a autora selecionou 50 palavras que resultaram em títulos dos poemas. O objetivo dessa pesquisa foi mapear a energia populacional brasileira, com as vozes dessa atmosfera do país no pico da pandemia mundial causada pela Covid-19.”

O resultado é um livro-porrada, do qual saímos doídos e cambaleantes, mas é uma dor amenizada pela beleza da linguagem, neste caso, poesia.

 “Pangeia”, seu mais recente livro, sob o selo Assírio & Alvim, 2024, publicado no Brasil pela “Autores e Ideias Editora Ltd., sob licença da Porto Editora S.A. é um livro, ou melhor, um longo poema, ambicioso a partir do título. Mas Mariana ousa e, segura e destemida, dá conta do que anuncia, ou seja, uma espécie de arqueologia ou “etimologia do ser”, pelo olhar seguro de Guilherme Gontijo Flores, que, no posfácio, acrescenta “Basílio, pelo contrário, armou um livro de poemas, no sentido forte da palavra livro, na coesão dura e densa de uma arquitetura textual que vai se desenvolvendo quase que do centro de seu continente, até as bordas possíveis das águas e do tempo presente.

 Leiam Mariana Basílio. Busquem, comprem, leiam e divulguem a potente literatura das mulheres escritoras contemporâneas e comprovem. dtv


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