quarta-feira, 12 de março de 2025

Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem 8 – Rosana Piccolo


Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem

8 – Rosana Piccolo




Em maio de 2000, na coluna “Livros Fora da Estante – dicas de leitura”, que assinei durante um bom tempo no Jornal Tribuna Popular, de Santo André, escrevia eu:

“Ruelas Profanas” é um delicioso livro de poesia de Rosana Piccolo, mais um talento das letras brasileiras revelado pela Editora Nankin, que, entre outros bons poetas, tem publicado a nossa poeta maior, Hilda Hilst.

Nosso propósito aqui tem sido apontar, o que está “fora da estante” ou seja, fora dos cadernos literários e fora do circuito oficial e medalhístico, mas que nos parece importante como componente do universo literário brasileiro.

Pois bem, voltando a Rosana, este não é um livro de iniciante típico, repleto apenas de boas intenções de quem se lança ao ofício. Trata-se de um livro de poemas em prosa, cuja linguagem revitaliza o gênero para o qual certa crítica tanto torce o nariz. (..). Não há nenhum excesso, a não ser de poesia. Experimente.”

 Durante os 25 anos seguintes, tenho acompanhado, dentro do possível, a trajetória literária de Rosana, sendo que as cartas em papel já não se cruzam pelos Correios, mas as redes virtuais permitem que a conexão não seja interrompida. Vez ou outra, um encontro presencial, um livro físico, um abraço e a reafirmação de trocas.

Para esta série em que homenageio as mulheres escritoras da minha bibliocasa, retiro da minha estante de literatura de mulheres brasileiras, os volumes que possuo dessa escritora paulista, hoje residente em Curitiba.

 - Ruelas Profanas, Nankin, 1999

- Meio-fio (Iluminuras, 2003

- Sopro de vitrines, Alameda, 2010

- O Pão, plaquete, Ed. Lumme, 2017

- Alla Prima, Patuá, 2019

- quando chegam os tártaros?, Ofícios Terrestres, 2023

Não são todos os que publicou, mas o suficiente para perceber que se trata de uma escritora que persegue o rigor do ofício, nessa nossa língua da poesia, sempre experimentando, quer seja no poema em prosa, quer no verso comedido, domando a linguagem e deixando no leitor o amargo e bom travo da estranheza.

 Deixo aqui, um poema do livro “quando chegam os tártaros?”

ponteiros

luzes

lagoa

de olhos

arregalados

 

a noite

é um livro de ponto

 

relojoarias

afiam guilhotinas

um só corte

 

o que surge

não sei se ruas

ou fitas embaraçadas

 

Leiam Rosana Piccolo , leiam a boa literatura brasileira escrita por mulheres.  Dtv


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