terça-feira, 18 de março de 2025

 



Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem

 

14 – Ana Elisa Ribeiro

 

Nesta 14ª postagem da série Março - Mulheres escritoras brasileiras, homenageio Ana Elisa Ribeiro, mineira de Belo Horizonte, nascida em 1975. Professora, premiada poeta, publicou Anzol de pescar infernos (SP, Patuá, 2013), Xadrez, Scriptum, 2015 BH), Álbum (Relicário, 2018, BH) e Dicionário de imprecisões, pela Leme, selo Impressões de Minas, 2020 (com duas edições anteriores). Editora de projetos em favor da leitura, como a coleção “Leve um Livro”, que distribuiu poesia contemporânea em Belo Horizonte por três anos, na forma de livros impressos gratuitos. Publicou livros sobre essa atividade (de editora) e frequentemente participa de mesas em Feiras e Festivais do livro.

Em seu estilo medido, enxuto e lapidado, Ana dá a seus poemas o tratamento da economia ou controle vigilante ao prosaico.

Um poema de seu “Álbum” um belo diálogo da palavra com a fotografia e, em vários poema, homenageia de forma explícita seu conterrâneo, Carlos Drummond de Andrade:

 

IMPRÓPRIO

 

penteamos os cabelos

de um jeito inusual

pintamos os lábios

as bochechas as pálpebras

de um jeito improvável

posamos para a foto

de um jeito incomum

e não éramos bem nós

 

mas todos sempre soubemos

explicar aquela foto

no álbum

como um flagrante

do artifício

 

Já o projeto poético do Dicionário de imprecisões, está moldado para a verossimilhança de um dicionário e o poema/verbete vem acrescentado de uma fina e bela ironia:

 

Amor

Substantivo masculino mas de todos os gêneros, singular

 

Acalmar os ânimos. Arrefecer.

Velocidade de cruzeiro.

Sujeito a derivações, desvirtuações, vícios e fim.

Ver paixão

 

Leiam Ana Elisa Ribeiro, busquem, leiam literatura feita por mulheres que, diga-se, depois do primeiro grito, jamais se calaram nem calarão, fazendo literatura do seu jeito que é muitos jeitos. dtv



Nenhum comentário:

Postar um comentário