Março
- Mulheres escritoras brasileiras – homenagem
14
– Ana Elisa Ribeiro
Nesta
14ª postagem da série Março - Mulheres escritoras brasileiras, homenageio Ana
Elisa Ribeiro, mineira de Belo Horizonte, nascida em 1975. Professora, premiada
poeta, publicou Anzol de pescar infernos (SP, Patuá, 2013), Xadrez, Scriptum,
2015 BH), Álbum (Relicário, 2018, BH) e Dicionário de imprecisões, pela Leme,
selo Impressões de Minas, 2020 (com duas edições anteriores). Editora de
projetos em favor da leitura, como a coleção “Leve um Livro”, que distribuiu
poesia contemporânea em Belo Horizonte por três anos, na forma de livros
impressos gratuitos. Publicou livros sobre essa atividade (de editora) e
frequentemente participa de mesas em Feiras e Festivais do livro.
Em
seu estilo medido, enxuto e lapidado, Ana dá a seus poemas o tratamento da
economia ou controle vigilante ao prosaico.
Um
poema de seu “Álbum” um belo diálogo da palavra com a fotografia e, em vários
poema, homenageia de forma explícita seu conterrâneo, Carlos Drummond de
Andrade:
IMPRÓPRIO
penteamos
os cabelos
de
um jeito inusual
pintamos
os lábios
as
bochechas as pálpebras
de
um jeito improvável
posamos
para a foto
de
um jeito incomum
e
não éramos bem nós
mas
todos sempre soubemos
explicar
aquela foto
no
álbum
como
um flagrante
do
artifício
Já
o projeto poético do Dicionário de imprecisões, está moldado para a
verossimilhança de um dicionário e o poema/verbete vem acrescentado de uma fina
e bela ironia:
Amor
Substantivo
masculino mas de todos os gêneros, singular
Acalmar
os ânimos. Arrefecer.
Velocidade
de cruzeiro.
Sujeito
a derivações, desvirtuações, vícios e fim.
Ver
paixão
Leiam
Ana Elisa Ribeiro, busquem, leiam literatura feita por mulheres que, diga-se,
depois do primeiro grito, jamais se calaram nem calarão, fazendo literatura do
seu jeito que é muitos jeitos. dtv
Nenhum comentário:
Postar um comentário