Naquela segunda-feira, dia 28 de novembro do ano passado, quando sentei e afivelei o cinto de segurança na poltrona do avião com destino a São Paulo, fechei os olhos e tentei processar minhas vivências dos últimos 5 dias e quatro noites, naquela bela cidade de João Pessoa, capital da Paraíba.
Afinal, que furor foi aquele? Que tipo de energia emanou das vozes e da escrita daquela centena de mulheres vindas de vários estados do Brasil e algumas poucas do exterior, para o V Encontro do Mulherio da Letras? Todos aqueles rostos, aquelas vozes, dezenas de livros na bagagem me dizem que foi um verdadeiro acontecimento, explosão cósmica, estelar.
Processar, entranhar e refletir sobre tudo aquilo foi uma tarefa difícil para quem volta à rotina massacrante do seu lugar. É o que tento fazer agora, ainda que tardiamente, mas não por acaso, na semana/mês em que se comemora mundialmente o Dia da Mulher, ou melhor, O Dia de Luta das Mulheres.
De acordo com a chamada “Carta do Guarujá”, elaborada no II
Encontro, em 2018, “é um coletivo feminista literário, diretamente interessado
na expressão pela palavra escrita e oral, que se propõe a discutir as questões
da mulher nas áreas da arte e da cultura.”, sem descuidar de ações na luta pela
igualmente de direitos e a favor da vida. (veja ao final, a carta, na íntegra.
A caderneta moleskine de capa rosa, veio preenchida com notas pontuais e descritivas dos acontecimentos decorridos nos dias 24, 25, 26 e 27, quinta, sexta, sábado e domingo, ao lado de uma centena de mulheres. Nada de digressões filosóficas e analíticas. Não havia tempo. Viver e entranhar fazia-se urgente.
Desde o “esquenta” no Empório Café, em Tambaú, com um grupo pra lá de especial, até o encerramento, passando pela abertura no Teatro da Usina Cultural ENERGISA, um belo casarão com lindos jardins, onde quase toda a programação foi realizada. Após a abertura, uma memorável “esticada” no “Bar do Baiano”, bairro Bancários. As rodas de conversa, oficinas e vivências nos jardins e no Teatro da ENERGISA, almoço no “Olho de Lula”.
"Bar do Baiano" a esticada após a abertura |
primeira sessão dos abraços |
Lançamento dos livros dtv e Isabela Veras |
a turma do vamos lá trabalhar |
porque é hora de abraçar e despedir |
"decanas", mas jubiladas jamais |
Ciranda - afiinidades eletivas |
E ainda houve tempo para uma tarde mágica no já mítico jardim indomável de Maria Valéria |
O abraço e admiração pelas cineastas |
Mais abraços pois é hora de ir embora |
a fala da cineasta Laís Chafe |
a cineasta - o abraço e admiração |
espera e muita conversa |
Lançamentos de livros em locais diferentes na cidade, à noite e, novamente, esticada ao Pub Patcha Mama. Conversas e surpresas sem fim.
o Mulherio rende-se à sua "musa" |
leitura em voz alta - escuta |
um momento para guardar |
Reencontros |
Mulherio Indígena e suas Letras |
Trocas |
para guardar |
avaliação do encontro |
é debatendo que se avança |
escambos |
meu livro em boas mãos |
O bloco da animação |
mais trocas |
avaliação do resultado de oficinas |
momento ternura entre gerações |
"A esperança é
cortada, mas se regenera". (Pagu)
Carta Aberta do II
Encontro Nacional do Mulherio das Letras 2018
O Mulherio das
Letras, criado em 2017, é um coletivo feminista literário, diretamente
interessado na expressão pela palavra escrita e oral, com adesão de mais de
sete mil mulheres brasileiras residentes no Brasil e no exterior, que se propõe
a discutir as questões da mulher nas áreas da arte e da cultura.
As mulheres
reunidas neste encontro, diante da atual e grave conjuntura do Brasil, se
comprometem a defender as seguintes pautas:
1. O exercício
pleno e irrestrito da democracia;
2. A liberdade de
expressão;
3. A garantia e
ampliação das políticas públicas para o livro, a leitura, a literatura e as
bibliotecas;
4. Salvaguardar os
direitos das mulheres, bem como fortalecer e dar visibilidade à literatura
produzida por elas;
5. Comprometimento
com a defesa da diversidade étnica, de gênero, de classe, de orientação sexual,
bem como com a inclusão das mulheres com deficiência;
6. A defesa da
educação e, especialmente, da universidade pública, gratuita, laica, de
qualidade, inclusiva e aberta à comunidade;
7. A resistência ao
sucateamento e desmantelamento dos equipamentos culturais e instituições
públicas.
Paralelamente, o
Mulherio das Letras realizará ações efetivas nos níveis regional, nacional e
internacional, no sentido de manter permanentemente mobilizado o Movimento.
Comissão de
redação:
Cátia Moraes
Dalila Teles Veras
Giovana Damaceno
Lindevânia Martins
Patrícia
Vasconcelos
Rejane Souza
Rosana Chrispim
Carta aprovada com
acréscimos e supressões na leitura pública deste documento no encerramento do
Encontro.
Guarujá-SP, 4 de novembro de 2018.