A voz dessa mulher do povo é encantadora e mais comove
a companheira de negro, em silencioso respeito. Desde que retornei a Portugal
após cruzar o Atlântico menina ainda, sempre me causaram forte impacto as
imagens dessas mulheres vestidas de negro, hoje
não tão comuns no Portugal pós 25 de Abril. A elas dediquei o poema
"Viuvez sem espera", inserido no meu livro "Madeira, do vinho à
saudade", Coleção Caderno Ilha 3, Funchal, 1989:
Viuvez sem espera
Negras, as mulheres
nos verdes campos
ceifam a cor.
Curvas as foices
cortando ervas
côncavas as enxadas
cavando dores.
Negras e curvas, as
mulheres
adubam com nênias a
terra
em definitiva viuvez.
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