quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Ruas do Funchal - toponímia original

"O senhor concorda? Nome de lugar onde alguém já nasceu, devia de estar sagrado". O velho Riobaldo está coberto de razão. No Funchal, onde nasci, na chamada "Zona velha", a parte mais antiga da cidade, os nomes das ruas preservam sua origem e falam da história do lugar, do que já não é, mas precisa ser lembrado pelo que foi. Marcas de gente, ainda que através de um mero prenome ou ofício.
Notas:
1) Tanoeiro, operário que faz ou conserta tonéis ou pipas (meu avô materno era tanoeiro e muito se orgulhava de sua arte.
2) Varadouros, aqueles que avaliavam a capacidade das pipas e dos tonéis, medindo-os com as varas.
3) Varadouro, lugar onde se encalham as embarcações para os consertos ou guardá-las no inverno. Lugar onde se reúnem pessoas para descansar e/ou conversar. (acredito que o "Largo dos Varadouros" atendia às duas finalidades
4) Como todas as cidades antigas, o Funchal teve suas "portas" (que se fecham e abriam a horas marcadas), algumas com características de defesa militar. O Funchal chegou a ter 16 portões no início do Séc. XIX, já em 1836 só 11. O Portão dos Varadouros, o último, foi destruído em 1911 (construído em 1689) pela mesma edilidade que o mandou erguer (!).
5) Cidrão, árvore, espécie de cidra, fruta de casca grossa, da qual se fazia doce.
6) João Esmeraldo, fidalgo flamengo (Esmenaut) 1480 (era dono de Sesmaria e foi amigo de Cristovão Colombo com que, dizem, uma de suas filhas teria se casado).
7) A presença árabe também aqui, como no Continente: Aljube: cárcere; Mouraria (lugar de mouros, muçulmanos).

8) Finalmente, mas não menos importantes, as referências meramente poéticas, como "Boa Viagem", "Larguinho da Feira", Rua da Figueira Preta", "do Forno",  etc.



















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