"O senhor
concorda? Nome de lugar onde alguém já nasceu, devia de estar sagrado". O
velho Riobaldo está coberto de razão. No Funchal, onde nasci, na chamada
"Zona velha", a parte mais antiga da cidade, os nomes das ruas
preservam sua origem e falam da história do lugar, do que já não é, mas precisa
ser lembrado pelo que foi. Marcas de gente, ainda que através de um mero
prenome ou ofício.
Notas:
1) Tanoeiro, operário
que faz ou conserta tonéis ou pipas (meu avô materno era tanoeiro e muito se
orgulhava de sua arte.
2) Varadouros,
aqueles que avaliavam a capacidade das pipas e dos tonéis, medindo-os com as
varas.
3) Varadouro, lugar
onde se encalham as embarcações para os consertos ou guardá-las no inverno.
Lugar onde se reúnem pessoas para descansar e/ou conversar. (acredito que o
"Largo dos Varadouros" atendia às duas finalidades
4) Como todas as
cidades antigas, o Funchal teve suas "portas" (que se fecham e abriam
a horas marcadas), algumas com características de defesa militar. O Funchal
chegou a ter 16 portões no início do Séc. XIX, já em 1836 só 11. O Portão dos
Varadouros, o último, foi destruído em 1911 (construído em 1689) pela mesma
edilidade que o mandou erguer (!).
5) Cidrão, árvore, espécie
de cidra, fruta de casca grossa, da qual se fazia doce.
6) João Esmeraldo,
fidalgo flamengo (Esmenaut) 1480 (era dono de Sesmaria e foi amigo de Cristovão
Colombo com que, dizem, uma de suas filhas teria se casado).
7) A presença árabe
também aqui, como no Continente: Aljube: cárcere; Mouraria (lugar de mouros,
muçulmanos).
8) Finalmente, mas
não menos importantes, as referências meramente poéticas, como "Boa
Viagem", "Larguinho da Feira", Rua da Figueira Preta",
"do Forno", etc.
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