quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Jornal de Viagem - VII


A Noruega, uma vez mais - O artista Vigeland


Afinal, a Noruega não é apenas paisagem. O país dos fiordes é também um país que, para além de sua história recheada de turbulências, dos lendários Vikings, é também conhecido por alguns de seus admiráveis artistas, como Edvarg Grieg e Edvard Munch, talvez seus mais ilustres e conhecidos nomes.



A grande surpresa, entretanto, foi o artista Gustav Vigeland e o Parque que leva seu nome que, por sua vez, está localizado no enorme Parque Frogner, em Oslo, local bastante frequentado, em especial nesta época, quando ninguém fica em casa (tomar sol é preciso nos tão escassos meses em que ele aparece).


O parque é composto por 212 peças em tamanho real, a maioria em granito, algumas em bronze e outras em ferro fundido, às quais o artista dedicou os últimos 35 anos de sua vida (de 1907 a 1942). 



 Compondo o centro do monumental conjunto, um obelisco de 14 metros, monolito de granito no qual  foram esculpidos 121 corpos




Em sua base, corpos moribundos,  passando por outros que vão ganhando vida e movimento até chegar à ponta, coberta por corpos de crianças.



Confesso que percorri todas aquelas impressionantes obras em estado de completa emoção, a ponto de não poder conter o choro.


O tema é a vida humana (e tem na árvore sua simbologia maior)

  

"árvore" da qual a juventude se liberta

"árvore" à qual a maturidade se agarra
a vida em todos os seus mais marcantes momentos, desde a sua concepção, o nascimento, a maternidade, a paternidade, a puberdade e suas descobertas, a sexualidade, a juventude e o sonho, a plenitude, em todos os matizes de raiva ou júbilo

  



  



e, no meu modo de ver/sentir, os mais comoventes momentos, a velhice e a decrepitude.




Genial artista, que soube imprimir, na rigidez da pedra, expressões (aparentemente) tão singelas (dúvida, apreensão, carinho, transmissão de conhecimento) mas de um indescritível impacto estético. 
Saí dali com o corpo dolorido pela experiência de vivenciar toda uma vida, vidas... arte grandiosa com a grandiosidade da simples... vida. 
Bom, muito bom, ter passado por esta fruição magnífica. Morrer sem a ter experienciado, a vida não estaria tão completa.

2 comentários:

  1. Pouco conheço de Gustav Vigeland (pouco conheço de coisa alguma) mas se não bastasse a "sincronicidade" por si referida no meu post, esta sua crónica aguçar-me-ia ainda mais o "olhar". Percorro suas fotos e detenho-me em cada cena do quotidiano - nascer, crescer, morrer – que o artista eternizou na pedra. Simples assim?! Não, não tão simples se olharmos a expressão da criança (é de pedra mesmo??) que chora, ou onde a Amiga vê/sente decrepitude, outros (eu) vêem/sentem ternura e/ou cansaço; os silêncios cúmplices, os olhares distantes; as árvores, ah, as árvores, esses seres maravilhosos que nos sustêm na base – manifesto conforto, aconchego -, mas que através da sua copa, dos seus galhos, nos elevam ao país do algodão, do sonho, da esperança, da aventura, quiçá, da poesia…, mesmo que sejam árvores –pedra. Bom, fico-me por aqui, sem esquecer de colocar o Parque Frogner em Oslo no meu caderninho dos “Lugares onde o olhar (des)cansa” (lugares a visitar), e agradecer-lhe mais esta valiosa dica.

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  2. O comentário superou o post! Obrigada, Isa, pelos valiosos acréscimos de sempre.

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