A intenção da viagem não era propriamente “viajar”, mas
pousar/repousar em casas/braços que nos abrigariam, como abrigaram, resgate de
memórias/laços de sangue e de afetos.
Após um largo espaço de tempo, retornei ao Piauí (uma de
minhas muitas pátrias), desta feita, levando Valdecirio, nascido naquele chão,
mais especificamente, em Luzilândia, cidade que já me outorgou o título de
cidadã honorária.
Após um longo período enfermo, Valdecirio, ainda
fragilizado fisicamente, mas em ótima recuperação, viajou para abraçar os oito irmãos,
os muitos sobrinhos e dezenas de familiares e amigos, além de sentir o sol/solo
natal. Não só sentiu, como voltou/voltamos revigorados.
Uma viagem sem grande planejamento, decidida poucos dias
antes, mas que se cumpriu para além do pensado e desejado.
Acompanhados de nossa sempre fiel e querida escudeira
Luzia Maninha, lá ficamos por apenas seis dias, mais dois a viajar, na ida e na
volta. O que eu não imaginava é que essa breve viagem, carregada de tantos
sentidos e significados pessoais e familiares, também se transformaria num belo
e gratificante momento literário.
Tinha reservado apenas algumas horas (quase) livres para
o encontro com alguns amigos escritores na Livraria Toccata, visita sempre obrigatória
(obrigada, grandes anfitriãs, Socorro e Rita Vaz!) e, claro, também uma visita ao
Mercado velho, lugar mágico, que jamais deixei de visitar nas dezenas de vezes
que estive em Teresina, como de fato aconteceu.
Compromissos familiares cumpridos, inclusive com uma esticada
de três dias a Luzilândia, a mais de 200 km de Teresina, deu-se o inesperado no
campo literário.
Alguns amigos, liderados pelo poeta e agitador cultural
Dudu Galisa (já por mim nomeado meu "agente literário" em Teresina, rss), mobilizaram-se e convocaram seus pares a participarem do já
tradicional “Café Literário”, comandado pelo Professor e escritor Wellington
Soares, na Livraria Anchieta, em Teresina, para uma inesperada e muito honrosa
homenagem a esta poeta, ao lado de leituras em homenagem à grande Hilda Hilst.
Necessário sublinhar que o Café/Sarau acontece uma vez por mês, na segunda
quarta-feira e, neste caso, foi antecipado para que eu lá pudesse estar (motivo
de honra maior), pois viajaria de retorno a SP, justamente no dia seguinte, quarta-feira.
Assim, no dia 10.09, uma tórrida terça-feira, temperatura
chegando perto dos 40 graus, recebi o
igualmente caloroso acolhimento de um público surpreendente, incluindo notáveis
nomes das letras. Foi um memorável e
fraterno momento que irá para a galeria principal das recordações de minha
trajetória literária e de afetos.
Senti-me muito prestigiada ao ser apresentada por
Wellington Soares e Thiago E, nomes da maior expressão artística e literária. Abracei
velhos amigos camaradas das letras, como Cineas Santos, um nome já incluído na
galeria central da cultura e das letras piauienses, que desde o lançamento do
meu primeiro livro me acolheu várias vezes em sua lendária Livraria Corisco,
onde fui apresentada a vários outros nomes da literatura piauiense, editados ou
não pela Editora do mesmo nome.
Como citei na minha fala, recordo que nas inúmeras
visitas anuais a Teresina durante todos os anos 80, encontrava-me na faixa
entre os trinta e seis e quarenta anos, mas eram prestigiadas por escritores
numa faixa etária bem superior à minha, sendo que as exceções foram Cineas
Santos, Kenard Kruel, o saudoso Ramsés Ramos e Rubervam du Nascimento. Hoje, de
maneira surpreendente e muito, muito gratificante, passo a dialogar com
jovens na mesma minha faixa etária de então, o que mostra que essa coisa de
“geração literária” não existe. Foram esses, muitos deles até o momento, para
mim, apenas livros, que se “materializaram” nesse mágico encontro, em abraços,
camaradagem e trocas poéticas das melhores.
Como não citar Demetrios Galvão? o primeiro poeta e
editor com quem travei conhecimento, em novembro de 2015 e que veio a formar este
“novo ciclo fraterno piauiense”, juntando-se aos remanescentes de há mais de 30 anos. O
encontro com Demetrios aconteceu durante
o 2º Fliáguas (Festival Literário das Águas), decorrido em Luzilândia, PI, para
o qual fomos convidados a integrar a mesma mesa de debates. A partir daí,
através dos caminhos criados por uma (quase) natural teia, em tempos de
comunicação em redes, através da qual fui agregando outros nomes.
Registro alguns desses nomes, ali presentes, em corpo,
poesia e palavra:
Wellington Soares, Cineas Santos, André Gonçalves,
Samaria Andrade, Thiago E, Marleide Lins, Dudu Galisa, Carvalho Junior,
Raimundo Uchôa Araújo, Isis Baião (Isis Maria Pereira de Azevedo Baião), Hildalene
Pinheiro, Carlos Galvão, Paula Selma, Ana Villa, bem como Erica Marinho,
proprietária da livraria, a quem também muito agradeço pela simpática acolhida.
Indispensável também registrar a presença dos familiares
Teles Veras?: Vilma, Teresinha, Vânia, Edmilson, Efigenia, Davi, Nayra,
Rafael, Cleonice, Neulsa, Lena.
O encontro foi animado pela bela voz de GabiGabriela e o
violão de Geraldo Brito, nomes assíduos da cena musical teresinense.
Espero não ter esquecido outros nomes que, eventualmente
não gravei, mas que por sua gentil participação ficaram igualmente gravados na
memória afetiva.
Pela postura explícita dos escritores e artistas que ali
estavam e se manifestaram (eu incluída) o encontro acaba também por se tornar
um ato político e necessário.
Posso dizer que esta homenagem resultou, para mim, num
momento epifânico, no sentido mais amplo de liturgia e comunhão, ainda que,
neste caso, laica (mas sem deixar o sentido do sagrado de lado, até porque a camaradagem
fraterna e coletiva se aproxima dessa dimensão).
Voltei em estado de graça, energizada no meu melhor
(literário e humano).
O meu agradecimento profundo a todos os citados, mais os
que não foram, mas sabem que estão. (dtv)
Com o organizador e "mestre de cerimônias" do Café Literário, Wellington Soares |
Apresentação de "uma carta de amor", Thiago E |
Diálogo poético |
a poeta lê os seus poemas |
Comentário crítico e leitura de poema por Cineas Santos |
Welligton Soares e Raimundo Uchôa Araújo |
Hildalene Pinheiro |
André Gonçalves e Samaria Andrade |
Com Marleide Lins |
Thiago E, DTV, Marleide Lins e Demetrios Galvão |
Marleide Lins, Cineas Santos, Thiago E, Valdecirio Teles Veras e Demetrios Galvão |
GabiGabriela e Geraldo Brito |
Carvalho Junior, Wellington Soares, DTV, Dudu Galisa, Hildalene e Thiago E registro fotográfico Luzia Maninha (que, como sempre, não apareceu nas fotos) ENCONTROS FAMILIARES (Festas!) |
Esse nosso Café Literário foi, de fato, um dos mais emocionantes e calorosos, que contou com a presença de pessoas valorosas, em especial a poetisa Dalila Teles Veras, cujo livro "Tempo em Fúria" ganhei, após me aventurar, cantando um música. Fiquei, deveras feliz, em conhecer pessoa tão iluminada e simplória, cuja poesia nos enche de disposição pra continuar lutando e acreditando no poder da arte e das pessoas, que a fazem, com o compromisso de encantar e revolucionar. Valeu Dalila e volte mais vezes!
ResponderExcluirDalila, sua presença é luminosa e cativante. Também ficamos revigorados. Obrigada. <3
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