A luz desta manhã
de maio me convidou a andar. Anotar a cidade e suas passagens, um exercício
adorável, mas que tenho praticado pouco.
Agora, luz
natural já apagada, reabro um livro de um poeta que andei a reler nos últimos
dias, Edimilson de Almeida Pereira, mineiro/brasileiro/universal.
Como poesia (a
boa poesia) jamais envelhece, copio aqui um dos poemas, de uma página aberta ao
acaso, lido com o frescor deste dia.
POROS
Maio convida a
passeios.
Tudo exposto como
se alguém
deixasse a luz
acesa.
Sorri um crime de
besouros,
um filho chega à
janela.
O homem antevê
seu chapéu.
Nomes não chamam
ninguém
mas costuram o
mundo.
Se a ferrugem
floresce,
abre incêndios
nas calhas.
O que é
permanência dura
um eclipse
in As Coisas
Arcas, obra poética 4, Funalfa Edições, 2003
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