O Dia Internacional da Mulher deveria ser lembrado (e não o
é) pelo que verdadeiramente evoca, ou seja, um ato bestial cometido contra 109
operárias, em 1908, em Nova York, que foram queimadas vivas pela polícia na
fábrica têxtil Cotton, onde trabalhavam. Tinham reivindicado a diminuição da
jornada de 14 para 10 horas, aumento salarial e melhoria nas péssimas condições
em que viviam. Conta-se que, algumas delas, chegavam a ter os filhos dentro da
fábrica. Como não foram atendidas em nenhum de seus pedidos, ocuparam a fábrica
e a solução encontrada pelos policiais foi matá-las. A partir daí comemora-se
essa data mundialmente em homenagem a essas mulheres.
Passados mais de 100 anos daquele fatídico episódio, pouco ou nada mudou, nem no mundo do
trabalho, muito menos no universo doméstico. A mulher ainda não recebe salário igual ao dos homens
para funções iguais. Surpreendentemente, a sociedade, mostra-se cada vez mais machista
com a consequente e inaceitável violência praticada diuturnamente contra as
mulheres de todos os níveis sociais, violência não apenas física, como também
moral. Bom exemplo disso são os repugnantes comerciais de cerveja (carros,
turismo e outros) que insistem em associar a imagem da mulher a mercadoria
saborosa e de fácil consumo.
Refletir sobre o significado desse dia e do seu universo
simbólico é também rejeitar as "homenagens" de políticos,
comerciantes e eventuais desavisados que, ao contrário dos tais comerciais,
associam a imagem da mulher a uma flor, à beleza, à ternura e outras baboseiras
que da mesma forma só disfarçam o machismo institucionalizado.
Muito conquistamos, muito ainda nos falta. Trocar os
presentes deste dia 08, por ações diárias e permanentes é a proposta. Sem
perder a ternura, vá lá...
Alô, alô, mulherada que vai à luta, aquele abraço...
Alô, alô, mulherada que pensa, aquele abraço...
Alô, alô, mulherada que protesta e sabe dos porquês, aquele
abraço...
Alô, alô, mulherada parideira, criadeira, educadora,
provedora, profissional de todas as funções e artes do universo, aquele
abraço...
"deram-lhe um dia
apenas um dia
(devem-lhe séculos)
Na tentativa de remissão
as flores constrangidas
(homenagem tardia)"
dtv
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