Hoje, na minha caminhada matinal, topei com um canteiro de miosótis, delicada florzinha também conhecida por "não-me-esqueças", em plena floração primaveril, oferecendo azuis aos passantes.
Lembrei imediatamente de um poema de Mario Benedetti. Aproveito o ensejo para dar continuidade à promessa de publicação de mais poemas que traduzi do poeta uruguaio e que permanecem inéditas. Lá vai:
NÃOMEESQUEÇAS
Cultivei um longo poema
Que ainda que se prodigalizasse em seus gerânios
em pouco tempo perdeu o viço
cultivei outro com jasmins
frágeis caseiros e insondáveis
porém se desprenderam como flocos de neve
e cultivei outro mais
que era um cerco balsâmico de rosas
porém murcharam sem grandeza
por fim tive um harém de nãomeesqueças
e não posso esquecê-los porque colam
azul em minha memória
NOMEOLVIDES
Tuve un
largo poema
que
aunque se prodigaba en sus malvones
al poco
tiempo se quedó sin rojo
tuve
otro con jazmines
frágiles
hogareños e insondables
pero se
descolgaron como copos de nieve
y tuve
alguno más
que era um cerco balsámico de rosas
pero se
marchitaron sin grandeza
por fin
tuve un harén de nomeolvides
y no
puedo olvidarlos porque añaden
azul a
mi memoria
poemas flores, gosto muito de miosótis, preciso ler mais Benedetti
ResponderExcluirBenedetti foi um escritor prolífero, dono de uma obra vasta e variada que merece ser lido. Se puder, Edson, também leia o romance "La Tregua", publicado em duas traduções diferentes no Brasil. Vale muito a pena!
ResponderExcluirCom licença de nossa amiga Margarita, é sempre muito bom encontrar Benedetti, na língua dele ou na nossa, na poesia como na prosa (não sei de qual gosto mais)
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