quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Benedetti, mais um


Hoje, na minha caminhada matinal, topei com um canteiro de miosótis, delicada florzinha também conhecida por "não-me-esqueças", em plena floração primaveril, oferecendo azuis aos passantes.
Lembrei imediatamente de um poema de Mario Benedetti. Aproveito o ensejo para dar continuidade à promessa de publicação de mais poemas que traduzi do poeta uruguaio e que permanecem inéditas. Lá vai:

NÃOMEESQUEÇAS

Cultivei um longo poema
Que ainda que se prodigalizasse em seus gerânios
em pouco tempo perdeu o viço

cultivei outro com jasmins
frágeis caseiros e insondáveis 
porém se desprenderam como flocos de neve

e cultivei outro mais
que era um cerco balsâmico de rosas
porém murcharam sem grandeza

por fim tive um harém de nãomeesqueças
e não posso esquecê-los porque colam

azul em minha memória

NOMEOLVIDES

Tuve un largo poema
que aunque se prodigaba en sus malvones
al poco tiempo se quedó sin rojo

tuve otro con jazmines
frágiles hogareños e insondables
pero se descolgaron como copos de nieve

y tuve alguno más
que era um cerco balsámico de rosas
pero se marchitaron sin grandeza

por fin tuve un harén de nomeolvides
y no puedo olvidarlos porque añaden
azul a mi memoria

3 comentários:

  1. poemas flores, gosto muito de miosótis, preciso ler mais Benedetti

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  2. Benedetti foi um escritor prolífero, dono de uma obra vasta e variada que merece ser lido. Se puder, Edson, também leia o romance "La Tregua", publicado em duas traduções diferentes no Brasil. Vale muito a pena!

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  3. Com licença de nossa amiga Margarita, é sempre muito bom encontrar Benedetti, na língua dele ou na nossa, na poesia como na prosa (não sei de qual gosto mais)

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