segunda-feira, 7 de março de 2016

solidões da memória – notícias e impressões de leitura – VIII


Nesta oitava postagem da série que recolhe leituras críticas publicadas sobre o meu livro “solidões da memória”, deixo aqui, na ordem cronológica de chegada, algumas delas, vindas de leitores atentos e generosos. Breves, mas nem por isso menores:

1) de Rosana Banharoli, poeta, coordenadora da Casa da Palavra, em Santo André

Encontramentos: uma viagem às memórias na Madeira, uma ilha que poderia ser o leitor. Em alguns momentos, o fui. Solidões da Memória, Dalila Teles Veras

em fogo, os olhos
virgens de incêndios
armazenavam centelhas
(reserva e antídoto à monotonia
do novo e igual calendário)
alvoroço
para o poema vindouro

2) De Adélia Nicolete, dramaturga, professora, residente em Ribeirão Pires, SP (Grande ABC, região metropolitana de SP). Publicado no FB em 5.1.16

Dalila, cara. Concluí a leitura de "solidões da memória" e registro publicamente meus cumprimentos, misto de parabéns e muito obrigada.
Seu livro foi uma ilha que explorei um pouco a cada noite, impossível precorrê-la toda numa só e contínua expedição. Foi preciso fazer trecho a trecho, parar, te imaginar menina e te lembrar agora, refletir - reflexão e reflexo porque a cada lembrança lida, em mim outras despertavam, particulares, de modo que minhas raízes foram também reveladas noite a noite e, por força da poesia, uniram-se às suas.
Há mais, muito mais que dizer, e o farei pessoalmente, Depois e antes de um abraço.


3) De Alberto Bresciani, poeta, residente em Brasília. Publicado no FB em 12.1.2016:

Abandonar origens, terra, é como deixar um pouco de si para trás. "Solidões da memória" (Dobra Editorial, 2015) é o depoimento poético, firme, sem lamúrias, mas com muita beleza de Dalila Teles Veras. Foi ótima leitura, Dalila!

a ilha à minha porta amarrada 
                       
                              Amarro à tua porta o Mondego
                              Regresso-me./ Paz?
                                                      Murilo Mendes
o regresso
(ainda que
da memória seja
o mergulho
vertical e fundo)
é paz impossível

recordar é voltar
(e
perder-se)
inquietantes caminhos
névoa no que era luz

a ilha
(à porta
permanentemente
amarrada)
janela
(aberta para dentro)
passaporte
para o que sou


4) De Teresa Jardim, poeta e artista plástica, residente no Funchal, Publicado no FB, em 17.1.16.‎

Dalila Teles Veras, recebi com surpresa e alegria o seu livro "solidões da memória". Agradeço esta possibilidade de fruição poética tão próximo da sua memória, da memória transfigurada da Ilha; a respirar a Ilha que agora me sustenta o corpo. Abraço.


5) De Maria Augusta, Professora, portuguesa de nascimento, radicada em Santo André, por email, em 29-01-16

“solidões da memória”  A primeira impressão de uma rápida leitura foi emocionante, um retorno às minhas memórias. Fiz de suas memórias um empréstimo àquilo que já havia esquecido. O linguajar coloquial, a indumentária das mulheres, o cotidiano local é o mesmo da aldeia em que nasci, “Castelões”, freguesia de Bragança, só não há o mar como paisagem, mas o azul do céu certamente é o mesmo.
O poema pelo mar chegava-se ao campo fez-me recordar da ceifa do trigo, do moinho e dos molhos de feno, memórias estas que estavam guardadas ou esquecidas e lendo seu poema tornaram-se vivas. Dalila, confirmei que memórias têm cheiros e cores.
Em educação pelo silêncio, quando você descreve que recebia um pedacinho de massa para moldar uma boneca que iria ao forno, nesse momento não aguentei e desabei  num choro, não um choro de tristeza, mas sim de saudade e agradeço a você por sua obra que fez com que eu retornasse à minha infância. Memórias que estavam guardadas e esquecidas.
Primeiro quero parabenizá-la por sua obra e por ter a oportunidade de lê-la. Muito boa. Transparente e com uma enorme sensibilidade. Obrigada por você me dar essa oportunidade de dialogar com a autora.
Como escrevi fiz uma primeira leitura rápida e não me atrevo a falar mais. Vou ler, reler, analisar, mastigar e depois se você me der a liberdade poderei argumentar. Grata maria


6) De Isa Ferreira, amiga e aguda leitora, residente na Baixa da Banheira, Portugal, publicado no FB em 8.2.16
Momentos de leituras por "inquietantes caminhos" - solidões da memória, de Dalila Teles Veras. Uma leitura que me fez viajar no tempo e procurar recordar outras memórias de outros igualmente generosos contadores (como por exemplo minha mãe)


7) De Rosângela Vieira Rocha, professora e ficcionista, residente em Brasília, publicado em 12.2.16 no Facebook
"Solidões da memória"
Há tempos venho comentando aqui sobre a beleza, a originalidade e a força da poesia de Dalila Teles Veras, minha amiga virtual que ainda não conheço pessoalmente, mas que faz parte da relação de minhas melhores amigas. Temos grandes afinidades. Mas não é pra falar dessas afinidades, que aliás não interessam às outras pessoas, que resolvi dedicar algumas linhas à obra "Solidões da memória", Alpharrabio Edições. Merecia um tratado, mas não sou crítica literária. Este novo livro de Dalila reafirma o que já se sabia por meio da leitura dos anteriores: estamos diante de uma grande poeta, de linguagem sofisticada e concisa. A obra faz parte de uma trilogia, que fala de exílio e de adaptação a outro país. Nascida na Ilha da Madeira, Dalila veio menina ainda para o Brasil, e seu trabalho é lusitano/insular/brasileiro. Na chegada, "via-se: corpos gingantes, a estiva/torsos negros azuis suados/e o cheiro despudorado/do abacaxi a anular o resto/(o Brasil tinha cheiro/e era de ananás)." Todos os poemas do pequeno (em tamanho) livro emocionam, mas escolhi um, que me faz lembrar da minha avó Júlia, que tinha o mesmo hábito das campesinas:

insubordinação
(sob o signo de Beauvoir)

                 Eu cumpro os meus limites,
                           não cumprindo as regras (Maria Teresa Horta)
campesinas
as saias longas
largas escuras
a roupa de baixo dispensavam
bastava
(gesto imperceptível)
um leve dobrar
dos joelhos
:
mijar em pé
sobre a terra
receptiva
subverter o mito
do eterno feminino
(o segundo sexo
em
igualdade de condições)

Vale a pena conhecer a poesia de Dalila, essa poderosa costureira e - sendo da Ilha da Madeira - autêntica bordadeira das palavras.




2 comentários:

  1. Que bela surpresa neste 8 de Março - Dia Internacional da Mulher.

    Se não fosse pelo poeta Alberto Bresciani quase que se poderia intitular "Leituras no Feminino".

    Pela sua autenticidade, pela generosidade de emoções espelhadas, pela importância e resgate das raízes, pela viagem que me proporcionou, hoje posso afirmar que na área da poesia foi a minha leitura eleita de 2015.

    Nota: Sinto-me particularmente orgulhosa pela forma como me referiu.

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  2. o meu abraço, sempre grato e forte, Isa Ferreira, também por este dia 8 de março.

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