Nesta
terceira postagem da série que reúne notícias e impressões críticas de leitura
sobre o meu mais recente livro “solidões da memória”, registro aqui sensível abordagem da
jornalista Sonia Nabarrete, publicada no Jornal ABCDMaior, em 20.01.2016, nas
versões impressa e virtual: Clic AQUI para ler o original.
Dalila
Teles Veras faz de memórias poesia
Depois
de 24 anos à frente da Alpharrabio, escritora reafirma compromisso com a
cultura regional
Aos
11 anos, Dalila Teles Veras deixou Funchal, na Ilha da Madeira, onde nasceu,
para viver em São Paulo, no Brasil, acompanhando a família que fugia das
dificuldades pós-guerra. De lá, trouxe lembranças e sentimentos, que se transformaram
em matéria-prima para muitos poemas. Alguns deles estão em seu último
livro, Solidões da memória.
“Não
é um livro de memórias, e sim de poesias”, esclareceu Dalila, que até nas fotos
presentes na obra, que têm a ilha portuguesa como cenário, fez questão de dar
um tratamento que deixasse os contornos esfumaçados para passar a ideia de algo
onírico. Ela explicou que neste trabalho, como acontece em toda sua produção
poética, criou a partir de fatos reais e vivências, que foram totalmente
transfigurados.
O
novo livro também consolida sua busca pela concisão. “Bem antes da internet,
que criou a tendência de textos curtos, eu já procurava dizer muito com pouco”,
conta Dalila, que começou a gostar de literatura, e em especial de poesia,
ainda criança, incentivada por duas grandes leitoras da família, a mãe e a avó.
Com o tempo, esse encantamento pela leitura só aumentou. Escreveu poemas em
várias publicações e hoje soma 16 livros de poesia, entre os mais de 20 que
publicou. A Ilha da Madeira está presente em três deles: Madeira: do vinho
à saudade, Estranhas formas de Vida, em referência a uma canção de Amália
Rodrigues e que tem as epígrafes de todos os poemas retiradas de fados, e o
recém-lançado solidões da memória.
O
último livro desta trilogia começou a ser preparado em 2014, quando esteve na
ilha com este objetivo. Quando o material já estava praticamente pronto,
encontrou uma caderneta, com anotações de outra viagem, feita em 2012, onde
havia praticamente montado o roteiro do livro. “Juntei o material e me lembrei
que, antes disso tudo, havia visitado uma exposição chamada Rizoma, que remete
à raiz, e que, na verdade, ali tinha começado a nascer o livro”, relatou
Dalila, impressionada com a capacidade de armazenamento das memórias pelo
cérebro humano, de onde se pode tirar, muito tempo depois, a lembrança
inspiradora.
Alpharrabio
surgiu como espaço para escritores
Desde
1972, quando se casou com o também escritor Valdecírio Teles Veras, Dalila vive
em Santo André, onde participa ativamente da vida cultural da cidade e de todo
o ABCD. Durante 11 anos, esteve à frente do Grupo Livrespaço, que reunia
escritores e manteve uma revista, premiada pela Associação Paulista de Críticos
de Arte.
Os
escritores da Região precisavam de um lugar para se reunir, conversar, produzir
e lançar seus livros. Foi assim que nasceu a Alpharrabio, misto de livraria e
editora, que em fevereiro completa 24 anos de atividades como um verdadeiro
centro cultural.
Dalila
confessa que, como negócio, a Alpharrabio, sediada em Santo André, nunca deu
lucro, mas se firmou como um dos espaços mais importantes para a cultura do
ABCD. “Lançamos mais de 200 livros, 98% deles de autores da Região, e abrimos
espaço também para os artistas plásticos, realizando pelo menos quatro grandes
exposições por ano, além de sediar, há oito anos, o Fórum Permanente de Debates
Culturais”, disse a escritora, que dirige a Alpharrabio com o apoio da cunhada,
Luzia Maninha Teles Veras.
LER
É PRECISO
Dalila
é muito procurada por jovens autores, que buscam sua bênção para o que
escrevem. A todos, recomenda que leiam muito. “Ninguém se torna escritor se não
for, antes, leitor. É preciso ler muito para criar referência do que é bom. É
fundamental conhecer Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Fernando
Pessoa, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Castro Alves, entre muitos outros”,
disse a poeta.
Para
ela, não tem sentido o argumento de alguns autores que alegam não ler para não
se deixar influenciar. “É natural tentar escrever como alguém que a gente admira.
Mas, aos poucos, o autor se liberta e encontra a própria voz.
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