sexta-feira, 7 de março de 2025

Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem - 6. Marília Garcia

 


Março - Mulheres escritoras brasileiras – homenagem - 6. Marília Garcia

 

A primeira vez que li a poesia de Marília Garcia estava este século em início. A “Coleção Ás de Colete”, publicada pela CosacNaify / 7Letras, era a grande novidade na poesia de jovens poetas brasileiros. Acompanhei com grande interesse todos os volumes (alguns deles de poetas nascentes do ABC paulista, lançados antes pela Alpharrabio Edições). “10 poemas para o seu walkman”, naquele adorável formato de bolso, vinha assinado por uma menina da mesma idade que a minha filha caçula que, diga-se, não se dedica a escrever poesia, mas ficou aí estabelecido o marco geracional. O título provocativo continuou a instigar a curiosidade e a leitura. Não foi difícil perceber que ali havia uma voz singular que falava do que via, lia, vivia, num ritmo singular, conteúdo e forma a marcar posição de quem vinha para ficar. Ficou e continuou a publicar.

10 anos depois, em 2017, não fiquei nada surpresa com o Prêmio Oceanos ser concedido ao seu “Câmera lenta” (Companhia das Letras”). Antes disso, eu já havia percorrido as livrarias de minha cidade à procura de exemplares desse precioso volume para presentear amigos. Àquela altura sua poética já era perfeitamente identificável pela elegância, sofisticação e modo de dizer.

Quase duas décadas depois e muitos outros volumes lidos (“Paris não tem centro” - escrito in loco, 7Letras; “um teste de resistores”, 7Letras, até o mais recente “Expedição: nebulosa”, Cia. das Letras, a poesia de Marília galgou o espaço mais nobre das estantes de poesia da minha bibliocasa.

Considero a tarefa de traduzir também uma forma de criar, tornou-se impossível não notar o rigoroso trabalho de Marília em verter escritores estrangeiros para a nossa língua. A destacar, a tradução de quase todos os títulos da Prêmio Nobel Annie Ernaux publicados no Brasil pela Editora Fósforo (dos 8 volumes que li, apenas um deles não é traduzido por Marília). Posso dizer que li Annie e amei Annie, conduzida de forma segura pela letra de Marília.

Leiam Marília Garcia, leiam a literatura de autoria de mulheres, não apenas pelo fato de serem mulheres, mas pelo leque diverso e de qualidade que essa literatura vem nos oferecendo.  

 dtv


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