Nesta
oitava postagem da série que recolhe leituras críticas publicadas sobre o meu
livro “solidões da memória”, deixo aqui, na ordem cronológica de chegada, algumas delas, vindas de leitores
atentos e generosos. Breves, mas nem por isso menores:
1)
de Rosana Banharoli, poeta, coordenadora da Casa da Palavra, em Santo André
Encontramentos:
uma viagem às memórias na Madeira, uma ilha que poderia ser o leitor. Em alguns
momentos, o fui. Solidões da Memória, Dalila Teles Veras
em
fogo, os olhos
virgens
de incêndios
armazenavam
centelhas
(reserva
e antídoto à monotonia
do
novo e igual calendário)
alvoroço
para
o poema vindouro
2)
De Adélia Nicolete, dramaturga, professora, residente em Ribeirão Pires, SP
(Grande ABC, região metropolitana de SP). Publicado no FB em 5.1.16
Dalila,
cara. Concluí a leitura de "solidões da memória" e registro
publicamente meus cumprimentos, misto de parabéns e muito obrigada.
Seu
livro foi uma ilha que explorei um pouco a cada noite, impossível precorrê-la
toda numa só e contínua expedição. Foi preciso fazer trecho a trecho, parar, te
imaginar menina e te lembrar agora, refletir - reflexão e reflexo porque a cada
lembrança lida, em mim outras despertavam, particulares, de modo que minhas
raízes foram também reveladas noite a noite e, por força da poesia, uniram-se
às suas.
Há
mais, muito mais que dizer, e o farei pessoalmente, Depois e antes de um
abraço.
3)
De Alberto Bresciani, poeta, residente em Brasília. Publicado no FB em
12.1.2016:
Abandonar
origens, terra, é como deixar um pouco de si para trás. "Solidões da
memória" (Dobra Editorial, 2015) é o depoimento poético, firme, sem
lamúrias, mas com muita beleza de Dalila Teles Veras. Foi ótima leitura,
Dalila!
a
ilha à minha porta amarrada
Amarro à tua porta o Mondego
Regresso-me./ Paz?
Murilo Mendes
o
regresso
(ainda
que
da
memória seja
o
mergulho
vertical
e fundo)
é
paz impossível
recordar
é voltar
(e
perder-se)
inquietantes
caminhos
névoa
no que era luz
a
ilha
(à
porta
permanentemente
amarrada)
janela
(aberta
para dentro)
passaporte
para
o que sou
4)
De Teresa Jardim, poeta e artista plástica, residente no Funchal, Publicado no FB, em 17.1.16.
Dalila
Teles Veras, recebi com surpresa e alegria o seu livro "solidões da
memória". Agradeço esta possibilidade de fruição poética tão próximo da
sua memória, da memória transfigurada da Ilha; a respirar a Ilha que agora me
sustenta o corpo. Abraço.
5)
De Maria Augusta, Professora, portuguesa de nascimento, radicada em Santo
André, por email, em 29-01-16
“solidões
da memória” A primeira impressão de uma rápida leitura foi emocionante,
um retorno às minhas memórias. Fiz de suas memórias um empréstimo àquilo que já
havia esquecido. O linguajar coloquial, a indumentária das mulheres, o
cotidiano local é o mesmo da aldeia em que nasci, “Castelões”, freguesia de
Bragança, só não há o mar como paisagem, mas o azul do céu certamente é o
mesmo.
O
poema pelo mar chegava-se ao campo fez-me recordar da ceifa do trigo, do moinho
e dos molhos de feno, memórias estas que estavam guardadas ou esquecidas e
lendo seu poema tornaram-se vivas. Dalila, confirmei que memórias têm cheiros e
cores.
Em
educação pelo silêncio, quando você descreve que recebia um pedacinho de massa
para moldar uma boneca que iria ao forno, nesse momento não aguentei e desabei
num choro, não um choro de tristeza, mas sim de saudade e agradeço a você
por sua obra que fez com que eu retornasse à minha infância. Memórias que
estavam guardadas e esquecidas.
Primeiro
quero parabenizá-la por sua obra e por ter a oportunidade de lê-la. Muito boa.
Transparente e com uma enorme sensibilidade. Obrigada por você me dar essa
oportunidade de dialogar com a autora.
Como
escrevi fiz uma primeira leitura rápida e não me atrevo a falar mais. Vou ler,
reler, analisar, mastigar e depois se você me der a liberdade poderei
argumentar. Grata maria
6)
De Isa Ferreira, amiga e aguda leitora, residente na Baixa da Banheira,
Portugal, publicado no FB em 8.2.16
Momentos
de leituras por "inquietantes caminhos" - solidões da memória, de Dalila
Teles Veras. Uma leitura que me fez viajar no tempo e procurar recordar outras
memórias de outros igualmente generosos contadores (como por exemplo minha mãe)
7)
De Rosângela Vieira Rocha, professora e ficcionista, residente em Brasília,
publicado em 12.2.16 no Facebook
"Solidões
da memória"
Há
tempos venho comentando aqui sobre a beleza, a originalidade e a força da
poesia de Dalila Teles Veras, minha amiga virtual que ainda não conheço
pessoalmente, mas que faz parte da relação de minhas melhores amigas. Temos
grandes afinidades. Mas não é pra falar dessas afinidades, que aliás não interessam
às outras pessoas, que resolvi dedicar algumas linhas à obra "Solidões da
memória", Alpharrabio Edições. Merecia um tratado, mas não sou crítica
literária. Este novo livro de Dalila reafirma o que já se sabia por meio da
leitura dos anteriores: estamos diante de uma grande poeta, de linguagem
sofisticada e concisa. A obra faz parte de uma trilogia, que fala de exílio e
de adaptação a outro país. Nascida na Ilha da Madeira, Dalila veio menina ainda
para o Brasil, e seu trabalho é lusitano/insular/brasileiro. Na chegada,
"via-se: corpos gingantes, a estiva/torsos negros azuis suados/e o cheiro
despudorado/do abacaxi a anular o resto/(o Brasil tinha cheiro/e era de
ananás)." Todos os poemas do pequeno (em tamanho) livro emocionam, mas
escolhi um, que me faz lembrar da minha avó Júlia, que tinha o mesmo hábito das
campesinas:
insubordinação
(sob o signo de Beauvoir)
(sob o signo de Beauvoir)
Eu cumpro os meus limites,
não cumprindo as regras (Maria Teresa Horta)
não cumprindo as regras (Maria Teresa Horta)
campesinas
as saias longas
largas escuras
a roupa de baixo dispensavam
as saias longas
largas escuras
a roupa de baixo dispensavam
bastava
(gesto imperceptível)
um leve dobrar
dos joelhos
:
mijar em pé
sobre a terra
receptiva
subverter o mito
do eterno feminino
(o segundo sexo
em
igualdade de condições)
(gesto imperceptível)
um leve dobrar
dos joelhos
:
mijar em pé
sobre a terra
receptiva
subverter o mito
do eterno feminino
(o segundo sexo
em
igualdade de condições)
Vale
a pena conhecer a poesia de Dalila, essa poderosa costureira e - sendo da Ilha
da Madeira - autêntica bordadeira das palavras.
Que bela surpresa neste 8 de Março - Dia Internacional da Mulher.
ResponderExcluirSe não fosse pelo poeta Alberto Bresciani quase que se poderia intitular "Leituras no Feminino".
Pela sua autenticidade, pela generosidade de emoções espelhadas, pela importância e resgate das raízes, pela viagem que me proporcionou, hoje posso afirmar que na área da poesia foi a minha leitura eleita de 2015.
Nota: Sinto-me particularmente orgulhosa pela forma como me referiu.
o meu abraço, sempre grato e forte, Isa Ferreira, também por este dia 8 de março.
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