Assisti à peça Virginia (sobre Virginia Woolf) com a atriz Cláudia Abreu. no Teatro TUCA.
Um momento muito, muito especial, após um longuíssimo tempo sem frequentar teatro nem cinema. Emoção indescritível ao soar o terceiro sinal e as luzes se apagarem na plateia. Eu que já andava impregnada de Virgínia, leio por estes dias, o volume III de seus diários, senti-me dentro dos seus livros, vendo/ouvindo muitas das cenas já lidas.
Gosto de teatro, cinema, museus, justamente pelo “rito” que envolve o ato de ir que envolve o planejamento da compra dos ingressos, o vestir-se de modo especial, o café no saguão, o coração em modo stand-by. Depois, procurar o lugar adquirido, sentir os olhares de todos aqueles que por aquele lugar histórico passaram em momentos cruciais da vida nacional assim como também da arte.
A atriz. também roteirista da peça, dirigida por Hamir Addad, soube fazer incisões perfeitas, recortes que foram se unindo a mostrar a personalidade e a mulher inteira que foi Virginia, por ela mesma, inventariada, em seus últimos momentos de vida! A literatura e o ato da criação aparecem ao lado das tragédias pessoais e da tormenta do excesso de pensar.
Sem dúvida uma tarefa difícil, mas cumprida com grande talento, coisa de quem mergulhou profundo na vida e na obra da escritora inglesa que, 100 anos depois, segue encantando seus leitores, mas em especial suas leitoras, por suas posições feministas e revolucionárias para a época.
Belíssimo retrato em branco e preto (a roupa da atriz, toda de branco, sem nenhuma troca de vestuário e o cenário despido de mobiliário, apenas as paredes e o teto totalmente pretos).
Sonoplastia e iluminação perfeitas bastaram para dar o suporte ao incrível trabalho de Cláudia que dá um show de interpretação, ao mudar a voz e a expressão corporal a cada mudança de narrador. Atuação irretocável de uma gigante num palco vazio e repleto de sentidos. Perfeito.
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